Sexta-feira passada, 30 de junho, a seleção brasileira de futebol comemorou o aniversário de 15 anos do seu último título numa Copa do Mundo. Justamente o pentacampeonato, conquistado nos campos da Ásia por um time que reunia craques de bola como Ronaldo Nazário e Rivaldo.
Aquela foi uma seleção que viajou para o outro lado do planeta sem muita moral. Depois de perder a final da Copa de 1998 para a França, naquele jogo em que o atacante Ronaldo entrou em campo abatido por uma convulsão no dia anterior, poucos acreditavam no sucesso do time de 2002.
Além do mais, o próprio Ronaldo, o craque de maior nome da seleção de 2002, sujeito capaz de desequilibrar uma partida numa fração de segundos, vinha de duas contusões seguidas. Duas graves contusões no joelho, sofridas quando o atacante defendia a camisa da Inter de Milão.
Então, juntando tudo, apesar da nossa torcida, que está sempre mais próxima dos conceitos relativos ao fanatismo do que de algum indicador de racionalidade, a maioria de nós não sentia muita firmeza na ideia de que sequer a seleção pudesse chegar à finalíssima. Torcíamos com ressalvas.
Mas aí, como os desígnios da bola são tão (ou mais) misteriosos quanto a cabeça dos técnicos do atual governo federal que fazem o cálculo do rombo da previdência social, os jogos foram se sucedendo e o Brasil foi levando de roldão todos os adversários que atravessaram o seu caminho.
A Turquia abriu a fila, perdendo por dois a um. Depois vieram, sucessivamente, a China (4 a 0), a Costa Rica (5 a 2), a Bélgica (2 a 0), a Inglaterra (2 a 1) e novamente a Turquia (1 a 0). Isso até a final, quando o Brasil “goleou” a Alemanha por 2 a 0. Uma campanha mesmo irretocável!
O pentacampeonato desencadeou uma onda de euforia que só arrefeceu em 2006, quando o Brasil foi eliminado pela França, nas quartas-de-final, com o gol dos caras sendo marcado por um certo Henry, num lance em que o lateral Roberto Carlos quedou-se olhando a banda passar.
Eu lembro que nesse dia eu promovi uma festa lá em casa, numa das últimas ruas do Jardim Tropical, em Rio Branco. O Brasil vinha de uma boa vitória sobre Gana, por 3 a 0. Então, tanto na minha cabeça como nas dos meus convidados, o time estava prontinho para dar o troco na França.
Eu havia ganhado de um ex-aluno um barril de 20 litros de cachaça de alambique. E a esposa Maria preparou uma panelão de rabada no tucupi. Os ingredientes para a festa estavam à mão. No final das contas, acabamos bebendo de raiva. E até hoje eu sinto o gosto da ressaca no céu da boca!