A ida do volante Paulinho para o Barcelona, tornando-se a quarta maior transação de compra de um jogador pelo clube catalão, é surpreendente. Aos 29 anos o atleta tinha tudo para chegar nessa idade como mais um na lista de boleiros do futebol brasileiro, que rodaram por clubes pelo mundo sem grandes ambições em busca de contratos seguros.
Saído da base do São Paulo e com passagem pelo Juventus da capital paulista, Paulinho foi cedo vendido ao Exterior – não havia completado 18 anos. Foi parar no Vilnius, da Lituânia. Depois, saltou para o Lodz, da Polônia. São clubes sem expressão e periféricos do grande centro do futebol europeu.
Naquele momento, ele já poderia ser citado como um típico jogador brasileiro no estrangeiro, desses que saem muito jovem dos clubes de formação, sendo vendido ao Exterior para times sem tanta visibilidade, mas com capacidade financeira mais confortável do que os clubes médios brasileiros. Nessas equipes, eles vão construindo sua carreira sabendo que longe dos holofotes dos grandes campeonatos europeus, dificilmente sairão dessa roda viva – mas se sentem conformados.
Paulinho, depois da passagem nesses dois times do Leste Europeu, voltou ao Brasil para atuar no Bragantino, que na época jogava a Série B do Brasileirão. Do clube de Bragança Paulista (SP), sua volta ao estrangeiro, para um time de segundo escalão, era um percurso quase previsível.
Mas acabou indo para o Corinthians, tornando-se campeão brasileiro em 2011, com Tite no comando – considerado o técnico que deu a carreira do jogador uma reviravolta. Com atuações brilhantes e decisivas, que o levou a ganhar o título da Libertadores em 2012 (e depois o Mundial), passou a ser cobiçado pelo grande mercado europeu. No ano seguinte, começou a fazer parte da seleção brasileira.
Com uma nova proposta tentadora do Exterior, Paulinho seguiu finalmente para um time de ponta, o inglês Tottenham. Seria a redenção lá fora, mas não foi por conta de atuações muito aquém do esperado. Na Copa do Mundo no Brasil também teve uma participação ruim.
Em 2015, o duvidoso mercado chinês, embora com muito dinheiro, resolveu seduzi-lo – e ele se rendeu. Porém, o destino o ajudou novamente: o seu ex-técnico do Corinthians, Tite, agora à frente da seleção, sabendo de seu potencial e sua capacidade de jogar em seu esquema tático, o convocou para nova missão no selecionado brasileiro – e deu certo.
Porém, Paulinho, com quase 30 anos, estava jogando em um time do outro lado do mundo, na China, sem tradição alguma, numa situação de difícil atração para uma transferência para um clube de destaque no mundo do futebol.
Eis que o Barcelona o contrata em meio à saída de Neymar para o PSG. Outra vez o destino de Paulinho mudou. De um jogador que poderia estar rodando por aí, pulando de galho em galho e jogando um futebol honesto e ganhando bem, mas sem grandes pretensões, ele foi parar nessa altura da carreira não somente na seleção brasileira, mas também no Barcelona. É admirável!