Saiu na coluna de Rodrigo Mattos, no UOL, informando que a CBF prepara pacote para a venda de direitos de transmissão de pelo menos 37 partidas da seleção até 2022. A informação levanta dúvidas em torno dos procedimentos da entidade. Os motivos são vastos.
Foram desses contratos que dirigentes da CBF enriqueceram ilicitamente. Pior, fez a televisão determinar de forma impositiva o modelo de exibição dos jogos, no estapafúrdio horário de 22 horas no meio de semana, sem nenhum respeito ao torcedor e interferência de quem lhe cedeu os direitos.
Ou, ainda, como aplicará o dinheiro com a venda das transmissões do time do Brasil, sabendo que na ponta final dos elos da CBF e suas associadas, as federações, existe uma imensidão de clubes em condições falimentares, com atletas muito mal pagos, participando de torneios altamente deficitários – aqui não está se dizendo para pagar dívida de clubes, mas encontrar fórmulas para diminuir esse caos, aproveitando o recurso que tem.
A seleção é o lado bom do futebol brasileiro, assim como o é a Série A do Campeonato Brasileiro – já a partir da Série B começam as ressalvas de organização e estrutura, seguindo até aos agonizantes campeonatos estaduais.
A venda dos direitos de televisão é o pontapé do que entra de recurso na CBF. É a partir disso que se movimentam patrocínios e exposição de marcas arregimentadas pela confederação.
A teia de corrução suspeita na CBF percorre também esses contratos (com anunciantes), seguindo pela rede de serviços necessários para suprir a entidade na logística (deslocamentos, hospedagem, alimentação) de acordo com o calendário do time principal da entidade.
O montante desses 37 jogos (que podem ser mais) deve passar de R$ 200 milhões, levando em conta o que foi pago no passado. São basicamente partidas das eliminatórias da Copa de 2022 e amistosos – Copa América e os dois próximos Mundiais os direitos já estão negociados e envolvem acordos com entidades internacionais.
É esperada uma pulverização das transmissões de jogos da seleção nas diferentes plataformas – TV aberta, TV fechada e mídias digitais – nesse pacote a ser licitado pela CBF ainda em setembro.
Fica a esperança de a CBF dar transparência ao processo, com auditoria independente e explicação clara do resultado. É o mínimo que o torcedor esperado de uma entidade que ainda não foi capaz de mostrar diferença de atuação no intrigante modus operandi revelado no caso FIFA em 2015.