Sociedade em rede

Tomei o título desta crônica de hoje emprestado de um livro escrito pelo sociólogo espanhol Manuel Castells e publicado no começo do século XXI. Doutor em sociologia pela Universidade de Paris, Castells tem dedicado parte do seu tempo ao estudo das tecnologias da comunicação.

De acordo com o autor espanhol, a sociedade em rede, resumidamente falando, se caracteriza por interações humanas baseadas numa dimensão virtual, sob o impulso das novas tecnologias da comunicação. Mais ou menos como se todas as pessoas estivessem se desligando do mundo real.

A sociedade em rede, estabelecida no suporte digital, está visceralmente vinculada ao nosso cotidiano e às nossas interações com o mundo. Quase tudo que a gente faz hoje, de alguma forma está vinculado à internet, desde ler jornais até a enviar e receber recados para os chegados.

E tudo isso não é somente teoria, não senhor. Em qualquer lugar público que a gente anda, basta olhar em volta para constatar todas as pessoas (ou quase) com a cara enfiada em modernos smartphones, teclando obsessivamente, falando sozinhas ou sorrindo diante da tela do tal diabinho.

Tem gente que dorme com o celular ligado na cabeceira da cama. Não descuida nunca do aparelho. A tentação de se comunicar com qualquer parte do planeta em tempo integral é maior do que algum tipo de cuidado com o sono, com a alimentação, com quem está por perto ou coisa que o valha.

Mas, eu só estou tocando no assunto por conta de uma “postagem” (eu também estou ligado em rede, como não?) feita pelo editor Manoel Façanha, que eu vi depois desse recente jogo entre São Francisco e Náuas, pelo campeonato acreano da segunda divisão, na quinta-feira passada (14).

Acontece que o referido jornalista flagrou, pleno jogo em andamento, tanto o técnico Zacarias Lopes, do Náuas, quanto o técnico Marquinho Gomes, do São Francisco, interagindo com os respectivos celulares. O Zacarias, olhando para a tela. O Marquinhos, num animadíssimo bate-papo.

A explicação do Zacarias foi a de que ele estava consultando o cronômetro do celular, para ver quantos minutos faltavam para o fim do partida e, assim, saber se era necessária alguma alteração tática que lhe garantisse o placar, favorável naquele instante. Argumento muito plausível!

Já a explicação do telefonema do Marquinhos, enquanto o jogo corria a mil por hora, essa a gente não sabe até agora. A suspeita, de acordo com o editor Manoel Façanha, é a de que o Marquinhos estava se valendo dos serviços de um consultor, posicionado na arquibancada. Fica a dúvida no ar!