Um dia desses eu publiquei na minha página no Facebook uma fotografia do Vasco da Gama do Acre do ano de 1977. Na tal fotografia, o último jogador da fila dos agachados era justamente o Litro, ponteiro-esquerdo habilidoso, irmão dos também jogadores famosos Tonho e Dango.
A fotografia obteve uma centena de curtidas e comentários. O Brizola, por exemplo, ex-jogador do Juventus, destacou o detalhe de uma jaqueira, que ficava nos fundos do estádio Jose de Melo. E o ex-volante atleticano Tadeu ressaltou a dificuldade de jogar contra aquela formação vascaína.
O comentário que mais chamou a minha atenção, porém, foi o do meu chapa Toinho Martins. É que ele focou justamente na figura do Litro pra dizer que o referido ponteiro todos os finais de semana pedia dinheiro ao presidente do clube, professor Almada Brito, para comprar medicamentos.
De acordo com o Toinho, o Litro carregava estrategicamente no bolso uma receita médica, assinada por um ginecologista, com a prescrição de um anticoncepcional, mas dizia para o professor Almada que era “fortificante”, prescrito por um clínico geral. Remédio para melhorar o desempenho físico.
E aí, sempre segundo o Toinho, o professor Almada, na maior boa fé, e por não querer que o seu veloz e driblador ponteiro corresse o risco de ficar “pregado” em campo no segundo tempo, puxava do bolso duas notas das maiores que havia na época, dobrava e as repassava para o grande Litro.
Só que o dinheiro tinha outro destino. A farmácia não via o Litro nem numa esquina distante. Não crescia a taxa de vendas nem dos anticoncepcionais, nem dos “fortificantes”. O que melhorava era o consumo de cervejas geladas, nas imediações da Fazendinha, sede do próprio Vasco.
Mudando de história, me lembrei de dois outros personagens das narrativas do Toinho: o Ademir Sena, meio campo talentoso que pontificou no Vasco, ao lado de craques como o Gilson e o Carlinhos “Maguim”; e o Lula, ponteiro importado de São Paulo, para substituir o lendário Bico-Bico.
Sobre o Ademir, que subiu muito jovem dos juvenis para os titulares do Vasco, ganhando auras de “craque precoce”, o Toinho jura que se tratava de um caso de adulteração de certidão de nascimento. “O Ademir era gato. Ele foi registrado no seringal, com três anos a menos”, garante o Toinho.
E quanto ao Lula, que ganhou um fusca e uma casa na Cohab para trocar São Paulo pelo Acre, diz o Toinho que ele quando viu o Bico-Bico treinando, sabendo que jamais conseguiria tomar-lhe o posto, declarou-se com uma contusão crônica. “Foram dois anos de migué”, garante o Toinho.