A prisão do então presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, Carlos Arthur Nuzman, acusado de fraude, é apenas um capítulo da derrocada da gestão do esporte no País. A situação do presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, que não pode deixar o País porque pode ser preso pela polícia internacional (Interpol) é tão constrangedor quanto.
A conivência da justiça com o ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira, acusado pelos Estados Unidos de corrupção (assim como Del Nero), mas que por aqui nada acontece, prova que as autoridades públicas também não ajudam.
O legado esportivo dos Jogos do Rio 2016 ainda não foi posto em prática plena, quando parte do Parque Olímpico seria utilizado para o desenvolvimento de esportistas de alto rendimento. Descobriu-se depois que o megaevento tornou-se um pesadelo à cidade e ao Estado agora falido.
Passados mais de três anos da Copa do Mundo, briga-se pela administração de vários estádios construídos para atender ao torneio – no fundo, ninguém quer ficar com o mico. A disputa ocorre até no Maracanã, um dos poucos estádios bem localizados numa cidade brasileira, atendido por diferentes modais de transporte (ônibus, metrô e trem) e historicamente preparado para grandes fluxos de pessoas; concretude da absoluta falta de visão administrativa na área.
Pouco tempo atrás se descobriu também desvios do bolsa-atleta – gente que recebia que ao invés de treinar duro poderia estar em um bar. Fora o corte do programa pelo governo, sem nenhum critério, como se não fosse obrigação dele aplicar políticas públicas nas práticas do desporto.
Enquanto isso jogadores vão deixando o País para atuar em clubes no exterior sem a menor cerimônia. Promessas dos esportes menos favorecidos vão deixando de lado seus sonhos para encarar a realidade. Já àqueles de atividades um pouco mais badaladas, mas nem tanto como o futebol, ficam imaginando uma forma de tentar não sucumbir – e ocupar espaço nas brechas que vão se criando aos poucos com as velhas figuras saindo do jogo a fórceps; mas os resultados levarão tempo.
O esporte no Brasil definitivamente é igual às outras áreas fracassadas no País, como a educação e a saúde, onde seu funcionamento depende de uma série de cruzamentos de projetos públicos com iniciativas privadas envolvendo muitas pessoas, equipamentos, infraestrutura, realizações e comprometimento geral.