Passando a vista pelo meu acervo de fotos antigas do futebol acreano, me dei conta do grande número de craques que jogavam pelas extremidades do campo, principalmente no período compreendido entre as décadas de 1960 e 1980. Existiu muita gente boa tanto por um lado quanto pelo outro.
Eu falo, naturalmente, de ponteiros à moda antiga, aqueles que costumavam entortar os seus marcadores e buscavam a linha de fundo, no mais das vezes para, em lá chegando, executarem cruzamentos na medida para o toque final dos chamados “centroavantes de ofício”, os caras do gol.
Hoje em dia, com a proliferação das táticas defensivas e a consequente obrigação de “congestionar o meio de campo”, praticamente não existe mais a figura do ponteiro ofensivo. Muito pelo contrário. Às vezes, os técnicos até escalam volantes (eles dizem “alas”) ali pelos lados.
Mas, sobre os ponteiros do passado que eu estava contando que revi nas antigas fotografias, vejam só alguns nomes que eu garimpei. Do lado direito: Fernando Diógenes, Nilsinho, Evandro, Roberto Ferraz, Manoelzinho… Pela esquerda: Jérsey, Maurício Bacurau, Nirval, Anísio…
A lista, é claro, não para por aí… Cito mais alguns: Neivo, Tonho, Santarém, Peroaba, Litro, Júlio César, Juca, Dim, Ley, Nelson, Eloy, Geraldo, Reinaldo Amarelinho, Venícius, Zé da Porca, Amenu, Louzada, Abacate, Amílcar, Chico Preto, Bené, Vanginho, Rivanildo, Medeirinho…
E havia os ponteiros que jogavam com igual desenvoltura em ambos os lados do campo. Casos do Elísio, virtuose tanto do futebol quanto da música (ele foi guitarrista do lendário conjunto Os Bárbaros), e do Bico-Bico, denominado pelos torcedores do passado como o Garrincha do Acre.
De todos esses, penso que o Bico-Bico é o exemplo mais significativo de craque de todos os tempos que jogou pelas beiradas do campo no futebol acreano. É que além de fazer tudo que os outros faziam, ele ainda executava um movimento peculiar de correr em diagonal até o arremate fatal ao gol.
E, como se não bastasse essa movimentação inusitada, havia um detalhe que tornava requintado o trato que o Bico-Bico dava à bola. É que, não raro, essa entrada dele em diagonal era fazendo embaixadinhas em alta velocidade. Oito, nove toques com a bola no ar até o chute final. Imaginem!
Qualquer time que excursionava ao Acre, mais ou menos entre 1967 e 1975, queria integrar o Bico-Bico à delegação na viagem de volta. Ele recusou todos os convites que lhe fizeram para se profissionalizar no futebol de outros estados. Ele só queria se divertir jogando bola. Tão somente isso!