País já convive com derrotas na base

De repente o Brasil foi parar na semifinal do Campeonato Mundial Sub-17. Muitos nem sabiam da realização do torneio. Do nada, a imprensa passa a dar espaço destacado ao jogo contra a Inglaterra, que decidiria quem iria à grande final. Porém, os brasileiros perderam de 2 a 0 para os ingleses.

A derrota não foi tratada com a decepção de outrora. Afinal, faz tempo que a seleção brasileira de base não conquista torneios mundiais (e até sul-americanos), quando isso era rotina, tinha cobertura extensiva da mídia e havia uma expectativa enorme de quem despontaria como craque entre os convocados.

O Mundial Sub-17 da Índia teve como equipe vitoriosa a Inglaterra, que bateu a Espanha na decisão por 5 a 2. Restou ao Brasil o terceiro lugar, com uma vitória sobre o Mali por 2 a 0.

A última vez que o Brasil ganhou o mundial nessa categoria foi em 2003, embora esse ano e em 2015 tenha conquistado o título sul-americano.

No Sub-20, o último título mundial foi em 2011 – último sul-americano foi no mesmo ano. Lembremos que o Brasil não participou do Mundial Sub-20 de 2017 por que não se classificou para a competição, depois de cair no torneio continental realizado em janeiro e fevereiro – inclusive provocando a demissão de seu treinador, Rogério Micale, o mesmo que tinha levado o Brasil ao primeiro ouro olímpico ano passado. Destaca-se que foi a Inglaterra que também ganhou a Copa do Mundo Sub-20.

A seleção brasileira sub-15 disputa o sul-americano entre 5 e 19 de novembro na Argentina. A equipe venceu a última edição – não há disputa de Mundial nessa categoria.

Isso tudo é para dizer que mudou muito a participação do Brasil nesses torneios que tinham o País como absoluto protagonista. Essas competições são o maior exemplo da dificuldade que passa a formação atual do jogador brasileiro e os desafios do futebol nacional em retomar sua posição.

Sabe-se que há um desprendimento maior hoje do atleta com o selecionado brasileiro, a não ser a chance de ganhar visibilidade no cenário internacional e ter o currículo ampliado – e obviamente o passe valorizado. Não que isso fosse pecado, mas a comemoração pessoal distanciou-se muito daquilo que o torcedor deseja da seleção brasileira.

Ou comecemos a buscar soluções com relação a isso, ou será cada vez mais normal a derrota do futebol brasileiro pelo mundo afora. Daqui a pouco seremos vistos – se é que já não somos – como qualquer outra equipe, embora competitiva, mas sem mais a mística de imbatível.