Eliminada, a Azzurra não é mais a mesma

Depois de Chile, Estados Unidos, agora foi a vez de a Itália ser eliminada do Mundial da Rússia. Ontem (13), uma segunda-feira, não uma sexta-feira, a Azzurra só empatou com a Suécia pelo placar de 0 a 0 e, por ter perdido pelo marcador mínimo na partida de ida das repescagens europeias para a Copa do Mundo, se viu sem vaga para o principal torneio de futebol do mundo depois de 60 anos.

A eliminação da Azzurra para a próxima Copa do Mundo, apesar de avaliado como uma surpresa para muitos, não vejo bem assim, pois o futebol italiano nos últimos anos não vive um bom momento. Os grandes clubes do país, exceto a Juventus de Turim, não conquistaram resultados expressivos em competições internacionais.

No mês passado, o meia Andrea Pirlo, de 38 anos, atualmente jogador do New York City, da MLS, discorreu sobre a “crise no futebol italiano” para a Gazzetta. O jornal lembrou o craque como ele analisava as últimas duas eliminações nas fases de grupo das Copas do Mundo da África do Sul e do Brasil, em 2010 e 2014. Pirlo, no entanto, contemporizou e destacou os bons momentos da Azzurra em meio ao caos, mas deixou claro que não seja normal para um país como a Itália os resultados obtidos nos últimos dois mundiais.

A decadência do futebol italiana é uma realidade há algum tempo. Uma prova disso é o fato de uma liga que já teve muitos campeões da Champions League (12 títulos no total), ter apenas dois participantes na fase de grupos, número inferior a Portugal. Essa lógica refletiu visivelmente na seleção da Azzurra, hoje eliminada para o Mundial da Rússia.

Na avaliação de analistas, o Calciopoli, gigante polêmica de corrupção que ocorreu na liga italiana foi o estopim para essa decadência. Essa polêmica é a seguinte: em 2006, o jornal Gazzetta Dello Sport publicou como manchete escutas telefônicas ilegais do diretor-geral da Juventus, Luciano Moggi, reclamando da arbitragem em uma derrota do time de Turim. Após isso, mais escutas foram divulgadas e se formou uma avalanche de polêmicas na Itália, associada a desconfiança dos investidores.

Com a grande globalização do futebol, a base da Itália foi também afetada. O próprio técnico da Azzurra, Cesare Prandelli, após pedir demissão (depois de ser eliminado na fase de grupos da Copa do Mundo de 2014) pediu e exigiu aos clubes italianos que investissem mais na base de seu futebol.

Por fim, a falta de grandes investimentos na disputa da Serie A TIM é resultado de todas essas causas que ocorreram ao longo de sua história. A ausência de recurso e também de noção de futebol, associada a globalização e a mudança no estilo de jogo no mundo contribuíram para a decadência do futebol italiano. Portanto, tenho a dizer que o mundo avançou e a Itália parou no tempo, ela precisa de renovação e após um longo tempo de trabalho talvez volte para a elite mundial.