Rinha de galos

O ano mal começou e o futebol brasileiro já proporcionou confrontos memoráveis. Clubes tradicionais de São Paulo e do Rio de Janeiro já tiveram a oportunidade de se encontrar e dar um exemplo do que poderá ser as suas temporadas. Os torcedores, via de regra, agradecem pela prematura emoção.

No que diz respeito a encontros interestaduais, a Copa do Brasil cumpre o seu papel de levar aos mais remotos rincões craques vistos apenas pela televisão. E por conta desses cruzamentos raros entre times da primeira divisão contra ilustres desconhecidos, a primeira zebra já deu as caras.

O listrado animal africano ensaiou o seu trote num campo goiano. E o fez de forma tão exuberante que detonou as esperanças do Botafogo carioca de seguir ganhando um dinheirinho no torneio mais democrático do Brasil. O Aparecidense não quis nem saber, foi pra cima e mandou o Fogão às favas.

Mas, no meu entender, o confronto mais sensacional, pelo menos para os acreanos, envolveu o Atlético local e o xará mineiro. Dois galos, um branco e azul e outro branco e preto, a terra dos seringais contra o pessoal das inconfidências. Tacacá e baixaria contra torresmo, tutu e quiabo.

Dois galos quando brigam formam uma rinha. No caso dessa briga, o que se viu mesmo foi muito futebol de ambos os lados. Não se pode chamar esse jogo de clássico. Afinal, foram raras as vezes que esses dois times se defrontaram. Mas a técnica dos competidores proporcionou um grande show.

De modo geral, mesmo que ninguém diga, um time tradicional do futebol brasileiro quando viaja ao Acre o faz na expectativa de tocar a bola sem maiores pretensões e golear quando der na telha. A ideia é que não precisar se esforçar muito, que os gols sairão aos poucos, de forma natural.

O raciocínio do visitante tem a sua lógica. A bola acreana é pobre, do ponto de vista do dinheiro investido, e costuma frequentar as divisões mais baixas do futebol brasileiro. Toda a folha mensal de um clube do Acre não chega a cobrir o salário de um craque badalado do sul/sudeste maravilha.

Além do mais, em várias oportunidades os times do Acre sofreram derrotas vexatórias na estreia da Copa do Brasil. Esse mesmo Galo Mineiro, que suou na quarta-feira passada (7 de fevereiro) para arrancar um empate do xará acreano, em 2010 meteu 7 a 0 no Juventus, na Arena da Floresta.

Então, por tudo isso, apesar da desclassificação, dado um regulamento que determina vantagem ao visitante em caso de empate, o resultado do confronto dos “atléticos” pode ser considerado épico pelos acreanos. Os galos viveram a sua rinha, mas ambos escaparam lépidos e fagueiros!