“De repente, não mais que de repente”, como naquele verso do Soneto da Separação, de autoria do gênio Vinícius de Moraes, o quinto metatarso ganhou ares de estrela global. Praticamente ninguém dava importância para esse componente do dedo mindinho do pé até um dia desses atrás.
A súbita aparição do quinto metatarso nas manchetes começou na França, pátria de muita gente boa, numa lista que vai de Charles De Gaulle a Albert Camus, passando por Napoleão Bonaparte, Charles Aznavour, Jean Paul Belmondo, Catherine Deneuve, Brigitte Bardot e mais uns quantos…
Na lista aí do parágrafo anterior não foi incluído, de propósito, o nome do Zinedine Zidane. O sujeito, que hoje é o treinador do espanhol Real Madrid, jogava pra caramba e merecia ser citado no grupo dos “gente boa”. Não o citei porque ele sempre levou a melhor sobre a seleção brasileira.
De mais a mais, Zidane não se contentava em bater o Brasil. Esse indivíduo jogava tudo contra a gente, costumava vencer com folga (3 a 0 na decisão da Copa do Mundo de 1998) e, no final, sorria só com o cantinho da boca, como se estivesse curtindo a desgraça dos “melhores do mundo”.
A lista dos franceses notáveis, portanto, vai ficar sem o Zinedine Zidane. Mas o quinto metatarso, esse promete não sair das manchetes tão cedo. O quinto metatarso vai ocupar as discussões de boteco e alimentar teses médicas pelo menos até que o Neymar volte a fazer exercícios com bola.
O quinto metatarso, para quem não sabe e está estranhando tanta publicidade em torno dele, é justamente o pedacinho do pé que faz a bola descrever aquelas curvas de fora para dentro que tanto incomodam os goleiros. É com ele que os craques de bola executam a famosa trivela!
Esse quinto metatarso sempre foi muito importante para a história do futebol. Importante e frágil. A questão de ele não ser tão comentado é pelo fato de que jogadores sem grandes recursos técnicos não costumam chutar de curva com o lado externo do pé. Jogador “courão” não usa metatarso!
O Alberto Casas mesmo me disse que cansou de machucar o quinto metatarso quando jogava nos juvenis do Vasco acreano, em mil novecentos e lá vai pedrada. “Naquele tempo, não tinha esse negócio de fissura. A gente desmentia o dedo. Depois puxava e continuava jogando!” – afirmou ele.
O metatarso ficou tão famoso depois do Neymar que até o Manoel Façanha já tratou de machucar o seu respectivo. Foi num jogo entre cronistas esportivos, semana passada, em Manaus. Eu ouvi falar que a contusão do Façanha foi no tornozelo. Mas ele garante que foi no metatarso… O quinto!