Tive o prazer de conversar, sábado passado, com o ex-jogador Nilson, ponteiro-direito que marcou época no ataque do Atlético Clube Juventus, entre os anos de 1968 e 1973. Como não poderia deixar de ser, foi uma conversa cheia de lembranças do futebol acreano da época do amadorismo.
O Nilson foi o que se pode chamar de craque precoce. Tanto que aos 14 anos ele já foi convocado para jogar no time de juvenis do Vasco da Gama, cuja idade limite era 18 anos. Pequenino, magrinho, Nilson compensava essas supostas deficiências com velocidade e técnica incomuns.
Quem primeiro atentou para o futebol acima da média do Nilson foi o então centroavante Danilo Galo. Nilson gastava a bola num campinho da rua 6 de agosto, ganhando todas dos zagueiros inimigos, quase sempre correndo pelos lados do campo. Aí Danilo o convidou para fazer um teste no Vasco.
O professor Almada Brito, dirigente eterno do Almirante, precisou só de uns poucos minutos para perceber que tinha uma joia rara ali bem à frente dos seus olhos. E no dia seguinte Nilson já estava registrado na Federação Acreana de Desportos como jogador da equipe da Cruz de Malta.
A estada na Fazendinha durou pouquíssimo tempo. Nilson logo despertou a cobiça dos demais times. E poucos meses depois, o professor Elias Mansour Simão Filho levou o pequeno e jovem craque para o juvenil do Juventus. Isso no ano de 1966, logo após a fundação do Clube da Águia.
No rubro-negro acreano Nilson iria viver grandes alegrias e umas quantas decepções enquanto jogador de futebol. A maior decepção, segundo palavras dele, foi “perder o título de 1968 para o Atlético, numa série melhor de três partidas, depois de vencer o primeiro jogo por 6 a 0”.
Quanto às alegrias, Nilson contou que foram muitas. “O Juventus era um time vencedor, sempre formando grandes esquadrões e candidato eterno ao título estadual. Entrava em campo sempre como favorito. Eu subi para o time principal em 1968 e já fui campeão estadual no ano seguinte”, disse.
O maior dos traumas, porém, ele sofreu em 1971. Foi num amistoso contra o São Cristóvão-RJ, que rodava o país. Nilson fez o gol da vitória do Juventus. Além disso, pintou e bordou em cima de um lateral de nome Triel. Este, incomodado, tirou Nilson do jogo com um pontapé no tornozelo.
Os recursos médicos da época não puderam curar a lesão do Nilson. É certo que ele ainda jogou por quatro anos. Depois do Juventus, vestiu as camisas do Atlético (1974) e do Independência (1975). Mas sentia muita dor e nunca mais foi o mesmo. Pendurou as chuteiras aos 24 anos. Uma pena!