Volta ao topo

“Deu Rio Branco! Deu Estrelão, professor!”. Mal terminado o jogo entre Rio Branco e Galvez, que deu o título estadual de 2018 ao primeiro, o meu telefone disparou a tocar. Era o empresário Ezequias “Açaí Sarado”, torcedor apaixonado do alvirrubro, mais do que eufórico com a conquista.

A conversa se limitou praticamente a essas exclamações. Só consegui dar-lhe os parabéns. Ele desligou de forma tão inesperada quanto houvera feito a ligação. Mas ainda teve tempo de dizer duas coisas. Uma: “Vou ter que tomar um porre!” Outra: “O Estrelão voltou aos dias de glória!”.

No que diz respeito a “tomar um porre”, estranhei a afirmação do Ezequias. Eu sei que ele não bebe, principalmente pela sua pouca disposição em gastar dinheiro com coisas supérfluas. Pensei logo que ele deveria estar sabendo onde iria acontecer alguma comemoração na base do 0800.

Do ponto de vista de o Estrelão ter voltado aos “dias de glória”, achei prematuro o entendimento do Ezequias. É certo que um título tem o poder de deixar qualquer torcedor em estado de absoluta graça. A conquista é uma prova de supremacia. Mas, daí aos “dias de glória” ainda falta alguma coisa.

Antes, nesse sentido de voltar aos “dias de glória”, o Rio Branco vai ter que, no mínimo, tornar factível uma ascensão à série C, competição onde pontificou e fez história durante vários anos, protagonizando embates memoráveis com equipes oriundas de outros estados brasileiros.

O caminho para isso, aliás, está aberto. Daqui a pouco o clube já estará às voltas com as escaramuças da série D. Pra falar a verdade, mal terá tempo para usufruir a recente conquista. O foco, a essa altura, já é outro. Para além do sucesso estadual, faz-se necessário mandar bem no próximo torneio.

Naturalmente, o futuro é um livro aberto, com as páginas se oferecendo para quem se dispuser a preenche-las. E, assim sendo, nunca se sabe que escrita vai ser essa. Mas, como eu sou um otimista incorrigível, penso que o Rio Branco poderá sim produzir uma história com final feliz.

A base para escrever essa história que os seus torcedores almejam, o clube já tem. Depois de um início de ano vacilante, as coisas foram se ajustando. Para mim, parte desse ajuste veio pelas mãos do professor Jader Andrade, preparador físico que assumiu como treinador, numa emergência.

No futebol é assim mesmo. Às vezes é na emergência que surge a solução dos problemas. A solução em algumas situações está tão à vista que muitos teimam em não enxergar. Doutor, estudioso, capacitado, humilde e competente, Jader Andrade pode levar o Estrelão a voos bem mais altos!