MANOEL FAÇANHA/FRANCISCO DANDÃO
O coração do ex-craque Eduardo Rodrigues da Silva Filho, o Dadão, 67 anos, parou de pulsar na manhã desta segunda-feira (23). O maior craque do futebol acreano enfrentava uma série de problemas de saúde, entre os quais uma diabetes, e há 69 dias estava internado no Hospital de Base de Brasília-DF, após sofrer um AVC. Segundo a família, a causa da morte do ex-jogador teria sido falências múltiplas dos órgãos, choque séptico e broncopneumonia, devido às complicações do AVC e da insuficiência renal aguda dialítica.O velório e o sepultamento do ex-atleta serão realizados na cidade de Brasília-DF.
Cinco vezes campeão acreano com a camisa do Juventus, Dadão nunca escondeu sua preferência pela camisa do rubro-negro acreano. O ex-craque tinha formação nos cursos de Economia e Direito, ambos concluídos na Universidade Federal do Acre (Ufac). Um dos prêmios mais festejados na vida, Dadão não escondia que teria sido nas festividades alusivas aos 100 anos de “Revolução Acreana”. Uma homenagem prestada pelo ex-governador Jorge Viana às 100 personalidades da sociedade acreana. Na ocasião, o ex-jogador recebeu das mãos de Jorge Viana a espada Coronel José Plácido de Castro, isso pelo fato de ser considerado o maior craque de nosso futebol nos últimos cem anos.
O craque Dadão era casado e deixa dois filhos e um legado de dribles, jogadas geniais e gols antológicos que ficaram registrados na mente dos apaixonados pelo futebol acreano.
Carreira
A carreira de Dadão começou no Rio Branco, quando ainda aos 15 anos, disputou o Campeonato Acreano de 1966. Na verdade ele deveria ter começado a carreira no Juventus, fundado neste mesmo ano, mas ocorre que o craque foi considerado muito jovem pela direção juventina.
Em 1967 Dadão foi para o Juventus, permanecendo no Clube da Águia por três temporadas. No Juventus, o craque levantou o seu primeiro título de campeão acreano, em 1969.
História no tricolor carioca
Em 1970, o craque Dadão arrumou as malas e se mandou para o Rio de Janeiro. Fez um treino nos aspirantes do Vasco, mas foi convencido pelo amigo João Carneiro a ir treinar no Fluminense.
No Tricolor das Laranjeiras, bastou uma exibição para Dadão ser incorporado ao time de juniores. Nessa condição, o virtuose acreano permaneceu em 1970 e 1971, sendo que nesse último ano sagrou-se campeão da Taça São Paulo de Juniores.
No ano de 1971, Dadão, além de jogar nos juniores, andou frequentando o banco de reservas do time principal e entrando em alguns jogos no lugar do titular Samarone.
No início de 1972, Dadão foi convocado para a seleção brasileira de novos, que disputaria um torneio na França. Mas acabou não viajando, a pedido do supervisor do Fluminense, Almir de Almeida, para assinar contrato como profissional. Foi aí que a coisa desandou. Não houve acordo financeiro entre o jogador e o clube. Dadão acabou sendo dispensado.
Outros clubes e a volta ao Acre
Depois de sair do Fluminense, Dadão passou, sucessivamente, por Bangu, Madureira, ambos do Rio de Janeiro, e Itabaiana, de Sergipe. No Bangu fez apenas um treino; com o Madureira, passou um mês excursionando pelo Nordeste do país. E no Itabaiana ficou uma temporada, sagrando-se vice-campeão estadual e vice numa competição regional.
Em 1973, a convite do presidente do Juventus, Elias Mansour Simão Filho, Dadão voltou para casa. O craque defendeu o Clube da Águia até 1976. Mas em 1974 ainda poderia ter ido jogar na Espanha. O problema é que a carta que o chamava para o futebol internacional, escrita pelo bicampeão do Mundo Vavá, só lhe foi entregue muito tempo depois.
De 1977 até 1986, quando encerrou a careira, aos 36 anos, Dadão, denominado pela crônica esportiva como “o deus do futebol acreano”, tal a técnica mais do que apurada e a excepcional visão de jogo, vestiu as camisas do Atlético Acreano (1977, 1978, 1979 e 1980), do Rio Branco (1981), do Independência (1982) e novamente do Juventus (1983 a 1986).