A Rússia nunca foi destino de brasileiro – talvez somente a capital Moscou para alguns curiosos. O país é pouco conhecido nas suas entranhas. Por outro lado, aquela nação nunca foi aberta a se mostrar ao mundo – e nem esforço fez para isso.
No futebol, a relação é ainda pior. Lembro-me das poucas vezes que mostraram partidas do Campeonato Russo em alguma televisão por assinatura, por que alguns brasileiros atuavam por lá – por vezes se via lamentavelmente atos de racismo contra os brazucas.
Aliás, a preocupação maior do governo é com os torcedores locais mais violentos, que podem criar confrontos com grupos de outros países com características semelhantes – principalmente depois de umas vodcas bem servidas…
Mais a questão mesmo de segurança está voltada a evitar atos de terrorismo no xadrez geopolítico que a Rússia participa, dentro de seu próprio país, nos vizinhos e nas nações um pouco mais distantes, como a Síria. Ainda bem que os Estados Unidos não se classificaram para o Mundial, o que seria mais um rastilho de pólvora para cuidar dentro desse complexo contexto.
A violência urbana no país não é nem de longe semelhante às grandes cidades brasileiras. Isso não é crítico lá, como foi aqui e na África do Sul em 2010, como se sabe.
Muitas cidades que sediarão a Copa tem boa infraestrutura de transporte público, com sistemas metro ferroviários bem servidos. Moscou possui uma das maiores malhas de metrô do mundo. Isso não quer dizer que governo russo não tenha se preparado para atender os turistas, como sempre acontece em todos que se tornam países-sede da Copa.
A economia cresce, embora de forma menos intensa em relação à primeira década do ano 2000 – mas o país não se retraiu como aqui. Talvez a cultura russa seja algo a ser explorado por quem estiver por lá – esse lado é muito pouco conhecido e deve surpreender por ser justamente inexplorado.
A Rússia deve fazer uma grande Copa do Mundo. Mas por certo a tensão deve estar no ar, quando não se sabe o que se esperar de um bando de gente de fora chegando a um país nada aberto, mas que quer entregar um Mundial capaz de retomar parte da hegemonia global perdida com a dissolução da antiga União Soviética – na qual a Rússia foi seu principal integrante.