Quatro anos fluíram num piscar de olhos. Desde a última Copa do Mundo até hoje, praticamente foi como se a gente tivesse dado um salto no tempo, bem à maneira daquelas histórias de ficção científica em que os mocinhos entram por um lado de um buraco de minhoca e saem pelo outro.
A desvantagem de o tempo passar rapidamente é que a gente envelhece na mesma proporção. Os dias vão devorando a vida como um desses furacões que devastam as ilhas do Caribe. E, então, em vez daquela antiga plasticidade da câmera lenta, a cena se acelera e consome os detalhes.
Mas tem uma vantagem, que nem tudo é absolutamente bom ou totalmente ruim, qualquer que seja a situação. A vantagem é a de que o insucesso de outrora pode ser revertido já no momento seguinte. E como a memória é cada vez mais curta, a última impressão é sempre a que conta.
No caso da seleção brasileira de futebol, a passagem acelerada dos últimos quatro anos configura-se perfeita. É que, de repente, levando em conta o piscar de olhos anteriormente citado, surge a oportunidade para a gente diminuir a dor daquele sete a um que a Alemanha aplicou no Mineirão.
Aquele sete a um foi, de fato, um absurdo. Não creio que algum dia alguém possa explicar de forma plausível o que aconteceu. Parecia um jogo entre um time de profissionais (a Alemanha), contra uma equipe de base. Os jogadores do Brasil pareciam baratas tontas fugindo de galinhas assassinas.
E ainda teve mais. Na sequência da tal catástrofe, o Brasil começou muito mal a disputa das Eliminatórias para essa Copa da Rússia. A impressão da gente naquele momento era a de que não se poderia mais confiar na nossa seleção. Até que veio o técnico gaúcho Tite e fez o time jogar bem outra vez.
A seleção brasileira de hoje dá esperança aos seus torcedores de que é possível voltar ao topo do ranking da Fifa. O time do astro Neymar chega à Rússia como um dos favoritos ao título. É claro que a bola tem os seus caprichos. O que faz, de vez em quando, favoritos ficarem pelo caminho.
Mas se a gente olhar com o devido cuidado verá que todos os titulares dessa seleção brasileira que está na Rússia sabem jogar bola. Não tem um perna de pau, diferentemente de seleções de outras copas, onde aqui e ali se encontrava jogador que não se podia, necessariamente, chamar de craque.
Enfim, uma nova Copa do Mundo de Futebol está posta à mesa das nossas emoções. Até meados de julho, o deus das fantasias manuseia a Terra para tirar o leve achatamento dos polos e fazer do planeta uma circunferência perfeita. A perfeição é uma bola em busca incessante pelo fundo do gol!