“O jogo só acaba quando termina”. Essa antiga máxima do futebol, dita e repetida ao longo do tempo em forma de piada, tem se revelado absolutamente precisa e atual na Copa que ora se desenrola nos gramados da Rússia. O que tem saído de gols nos chamados acréscimos não está no gibi.
Os “acréscimos”, pra quem não está familiarizado com o vocabulário do fabuloso “esporte bretão”, são aqueles minutinhos que o árbitro dá a mais, depois dos noventa minutos regulamentares. Uma espécie de compensação para o tempo em que a bola ficou parada, qualquer que tenha sido o motivo.
Às vezes, um jogador se machuca e o atendimento demora a ser procedido. Às vezes, o time mais fraco fica enrolando, tentando fazer o tempo passar, para conseguir pelo menos um resultado honroso. Às vezes, um time já entra em campo só para “não jogar”. E aí sobrevém os acréscimos.
Esse jogo do Brasil contra a Costa Rica, sexta-feira passada, foi mais um cujo resultado só veio nos acréscimos. Foi um jogo do ataque do Brasil contra a defesa da Costa Rica. O Brasil atacou o tempo inteiro e os caras lá, só mandando a bola pra longe. Minutos em profusão numa retranca feroz!
Os costarriquenhos, que já haviam sido derrotados pela Sérvia na estreia, não podiam perder do Brasil de jeito nenhum. E, como vencer era muito difícil, o empate seria perfeito pra eles. A estratégia proposta foi a única possível para o lado deles. Não fossem os acréscimos, teria dado certo.
A questão que ainda persiste é a de que existem situações em que nem os acréscimos resolvem. É mais fácil se defender do que criar alguma coisa com a bola nos pés. E eis que pode acontecer de dar empate, mesmo quando o árbitro resolve conceder cinco ou seis minutos adicionais ao tempo normal.
Então, o que eu proponho à Fifa é que no caso de um jogo onde um time ataque sem cessar e o outro só tente atrapalhar a evolução daquele, que se jogue até sair um gol. Se valer aquela sentença de que “água mole em pedra dura tanto bate até que fura”, uma hora o gol vai, sim, acontecer.
O Brasil, nesse jogo contra a Costa Rica, foi a água mole que furou a pedra dura. A seleção da América Central tinha tanta gente na defesa que eu lembrei de um time de nome Asfalto, dirigido pelo saudoso desportista acreano Martim Bruzugu, que entrava em campo com 12 jogadores! Rsrs!
Pilhérias à parte, porém, o que conta é que a seleção brasileira, apesar de todo o sofrimento, está viva na Copa. A gente, enquanto torcedor, espera sempre muito brilho e pouca dificuldade para o nosso time. A realidade, entretanto, não raro se impõem à fantasia. Que venham os acréscimos!