Não foi fácil assistir as semifinais da Copa do Mundo. O motivo de acompanhar França x Bélgica e Inglaterra x Croácia apreensivo foi ter a compreensão de um Brasil desconectado do futebol atual. E mais: incapaz de sobrepor a ele a curto e médio prazos.
Pode-se alegar pela milésima vez que o futebol praticado aqui é de natureza diferente do europeu, com sul-americanos tradicionalmente atuando abertos, com menos marcação e mais jogadas individuais e toque de bola.
Mas este comentário tem a ver com a evolução do jogo, com a busca mais eficiente de resultado, mesmo mantendo as características sul-americanas de domínio de bola cadenciado.
É impressionante como as equipes semifinalistas – de fato e incontestavelmente as melhores do torneio – conseguiram combinar os rigorosos esquemas táticos europeus, com fluidez de jogo e execução de bola, seja ela parada ou em movimento.
A final com a participação da França e da Croácia é exemplo claro disso, associada a alguns talentos muito decisivos na Copa, como Mbappé, Grizmann, Pogba, Mandzukic, Modric, Perisic…
Ainda que coloquem a França como favorita à final, pode-se dar uma boa porcentagem de chance ao adversário croata de levar o título. Os franceses têm um time muito bem organizado e forte, mas os croatas mostraram capacidade técnica acima da média – principalmente depois da partida extremamente disputada e difícil na semifinal contra os Ingleses, encerrada na prorrogação.
Um comentário: faltou a Bélgica contra a França talento a mais, algo que sobra na Croácia – o que a favoreceu contra a Inglaterra.
Estas partidas finais é uma grande aula para Tite e seus comandados, tanto no esquema tático adotado como do determinismo e da vontade em campo – elas apontam uma seleção brasileira desconectada dessa realidade do futebol atual, com países em ascenção ou em reascenção no esporte de forma consistente.