Falta ainda um quarto de rodadas para o Campeonato Brasileiro acabar. Mas com o que se vê em campo, está difícil apontar um favorito, pelo menos neste momento.
Mas um cara me parece ter se ressaltado em meio à mesmice geral. Trata-se do técnico Adilson Batista – menos pelo que ele está fazendo pelo América-MG, um time limitado que luta contra o rebaixamento, e mais pelo que disse há algumas poucas semanas depois de uma partida em que sua equipe empatou em casa com o Ceará por 0 a 0.
Foi de uma sinceridade espantosa. Soltou o verbo contra o calendário do futebol. E pelo que se verifica em campo, ele está completo de razão. A falta de favoritismo e a mesmice geral estão justamente presentes por conta dessa agenda maluca.
Ele aponta a falta de bom nível no futebol brasileiro devido ao calendário: “lento, preguiçoso…”. Antes, ele reclamou dos estaduais, que ocupam 20 datas no início do ano, “que não vale nada, não leva a lugar nenhum”.
O que ele quer dizer é que os regionais desgastam, inclusive com as viagens, e os atletas chegam ao Brasileiro com menos condição física. “Aí vai chegar aqui, meio de agosto e setembro, está cansado”.
O técnico lembra que lá fora os jogos ganham em “intensidade” e “velocidade” devido a melhor preparação. “Ninguém fica penteando a bola”, comentou.
Sem os estaduais, ele crê que é possível fazer o Campeonato Brasileiro da Série A decente, já que sobrariam datas.
O comandante do América-MG tratou também de reclamar de horários dos jogos, de 11h da manhã e das 16h. “Por que não coloca 17h o jogo?”, indagou ele, defendendo partidas em horários mais amenos.
Mas aí deixou de citar quem manda no assunto: a emissora que detém os direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro. Além disso, poderia ter reclamado também de partidas no meio de semana inacreditavelmente quase às 10h da noite, depois da novela. Mas dou desconto a ele por toda coragem de expressar outros problemas sem papas na língua.
“Eu assisto Campeonato Inglês, você acha que eu assisto Série B? Eu não perco meu tempo. Assisto Campeonato Inglês, Campeonato Alemão, Espanhol”, comentou ainda nesta antológica entrevista pós-partida do Brasileirão de 2018. Confesso que faço o mesmo pela forma com que na Europa se processa o jogo, muito mais dinâmico e atraente.
Amenizei as declarações de Adilson Batista aqui e me detive mais nas questões técnicas, mas ele desancou também as federações.
Outro dia vi a convocação da Seleção Brasileira. Não me concentrei muito em quem foi chamado. O motivo é que o Brasil está voltando a fazer partidas sem nenhuma relevância. A primeira pós-Copa foi contra El Salvador. Agora vem a Arábia Saudita.
O calendário do futebol brasileiro se presta a isso? Ora, esses jogos não testam nada e aparentemente atende interesses extracampo. Se não apresenta resultado à altura, é melhor montar um time só para jogar, sem desfalcar tanto as combalidas equipes brasileiras da elite. Isso piora ainda mais o quadro apontado por Adilson Batista.