Celeiro de bons jogadores

Desde os tempos do amadorismo, de mil novecentos e lá vai bolinha até 1988, que o futebol acreano vê surgir bons jogadores em suas fileiras. Qualquer torcedor mais entrado nos anos (caso do velhinho aqui) lembra de inúmeros nomes que gastavam a bola no vetusto “Stadium” José de Melo.

A lista pode se estender por folhas e folhas de papel (ou, no caso “modernoso”, telas e telas de computador). Cito alguns que vou lembrando enquanto escrevo: Touca, Dadão, Bico-Bico, Zé Augusto, Curica, Nostradamus, Mariceudo, Chico Alab, Duda, Paulinho Rosas… Muitos!

No decorrer das suas carreiras, vários desses citados foram sondados para jogar em outros centros do futebol brasileiro e ganhar um troco que jamais ganhariam ficando no Acre. Alguns jamais aceitaram ir pra lugar algum. Outros até saíram, mas depois acabaram voltando para a terrinha.

Dois desses aí que não toparam gastar a sua bola em terras estranhas foram os atacantes Touca e Bico-Bico, não por acaso tio e sobrinho.O Touca recusou um convite do governador do Amazonas para jogar no Nacional, em 1957. E o Bico-Bico não topou jogar no Fortaleza, na década de 1970.

Ao goleiro Zé Augusto e ao meia Dadão lhes foi dada a oportunidade de jogar nos juvenis de dois dos maiores times do Brasil: Flamengo e Fluminense. O primeiro voltou quando se viu impedido de cursar faculdade. E o segundo não aceitou os valores oferecidos na hora de se profissionalizar.

O volante Nostradamus e o meia Mariceudo chegaram a jogar, respectivamente, no São Raimundo (1969) e no Nacional (1979), ambos da capital amazonense. Ficaram tão somente por uma temporada. Voltaram porque, costumam explicar, a saudade de casa calou fundo nos seus corações.

O xapuriense Curica, um cracaço da quarta-zaga, andou por Manaus, mas sempre foi mais boêmio do que boleiro. Igualzinho ao lateral Duda, sondado por todos os times que faziam amistosos no Acre. E o ponteiro-direito Paulinho Rosas foi ídolo por uma temporada no Equador (1987).

De 1989 pra cá, quando o futebol acreano se tornou profissional e os jogadores ganharam visibilidade, dada a disputa de competições nacionais, aí o êxodo se acelerou. E então, os caras começaram até a atravessar o Oceano Atlântico: Testinha, Adriano, Artur, Rodrigo Galo, Ancelmo…

Atualmente são tantos os jogadores formados no Acre que se mandaram para outras paragens que eu nem saberia dizer quantos andam por aí. Só do time do Atlético que chegou às quartas-de-final da série C do ano passado foi quase todo mundo embora. Quase todo mundo. É ruim, hein?