Não faz muito tempo, coisa de 20 ou 25 anos atrás (tempo pra frente só na ficção hollywoodiana), um jogador de futebol mal completava três décadas de vida e já se via ante a emergência de parar com a bola. A carreira se configurava curtíssima. Era parar ou ficar se arrastando em campo.
As figurinhas que passavam dos 35 anos, via de regra, era a daqueles de maior fama, mais por conta do nome que construíram do que, necessariamente, pelo que ainda produziam. Por se tornarem lendas vivas, esticavam um tantinho o currículo e ganhavam mais alguns trocados.
O próprio Pelé, o maior de todos os tempos, só ficou em atividade até aos 37 anos porque nas últimas três temporadas foi faturar uns “cobres” nos Estados Unidos. Em nível de alta competividade, o “rei” ficou mesmo até aos 34, no Santos. À América ele foi mais para dizer “love, love, love”.
Garrincha, o “gênio das pernas tortas”, que desmoralizou laterais dos quatro cantos do mundo, foi outro que muito cedo parou de jogar em alto nível. Basicamente aos 32 anos, enquanto vestiu a camisa do Botafogo. Depois andou por aí com várias camisas, mas só pelo nome que tinha.
Não existia uma preparação física adequada. Não existia uma perfeita compreensão da fisiologia dos atletas. Não existiam fármacos específicos para a cura das lesões. Não existia tecnologia. Não existia consciência das limitações do corpo por parte de alguns jogadores. Não existia quase nada.
Como tudo isso que não existia passou a existir, a carreira dos boleiros, tanto dos cracaços quanto dos cabeças de bagre, foi deveras “esticada”. E agora, não raro, a gente vê voando em campo, em plena capacidade produtiva, jogadores que passaram ou se aproximam dos 40 anos.
Zé Roberto, lateral/meia que fez carreira em clubes brasileiros e europeus, com boas passagens na chamada “amarelinha”, é um desses exemplos de longevidade. O cara jogou em alto nível até aos 43 anos. Passou 24 anos em atividade. E ainda poderia estar em campo se quisesse.
E fora ele, tem vários outros quarentões que permanecem em campo. Léo Moura, 40 (Grêmio); Magrão, 41 (Sport); Fernando Prass, 40 (Palmeiras); Magno Alves, 43 (Floresta-CE); Loco Abreu, 42 (Rio Branco-ES); Marcelinho Paraíba, 43 (Treze-PB); Juan, 40 em breve (Flamengo)…
Mas essa conversa toda de hoje me ocorreu por conta da informação de que o Andirá vai alinhar três jogadores “veteranos” no campeonato acreano que inicia neste domingo: Ley (37), Marcelo Brás (38) e Testinha (41). Todos ainda com muito gás. É sempre um prazer vê-los em ação!