De modo geral, eu costumo “alugar” o principal televisor (o da sala) aqui de casa nos finais de semana. Fico passando de um canal para o outro desvairadamente para tentar acompanhar o máximo de jogos de futebol possível. São muitos canais e inúmeros os jogos ao alcance dos olhos.
A rotina desse recente fim de semana, porém, mudou um pouco. Resolvi ir ver um jogo ao vivo do campeonato cearense. Estou com o meu neto Enzo passando férias aqui em casa e entendi de leva-lo ao estádio, para ele sentir o clima de uma partida de corpo presente, no calor da galera.
No campo de jogo, dois times considerados pequenos: o Atlético Cearense, que até o ano passado se chamava Uniclinic, e o Guarani de Juazeiro, representante da terra do “padim” padre Cícero, orador eloquente que fez carreira nos púlpitos do sertão e ganhou fama de santo milagreiro.
Dadas as campanhas de ambos, tudo apontava para uma vitória fácil do Atlético Cearense. Afinal, o time da capital havia vencido duas das três partidas jogadas até então. Enquanto isso, a equipe interiorana havia levado três pancadas em três compromissos, um deles, inclusive, de goleada.
Antes de se completar o primeiro minuto de jogo, entretanto, um volante de nome peculiar, Isaú, disparou com a bola nos pés desde a sua intermediária, passando por um, evitando outro e batendo da entrada da área no canto esquerdo do bom goleiro Artur. Um a zero, assim, bem de saída.
O primeiro milagre da tarde estava consumado. Nos três jogos anteriores, o Guarani de Juazeiro não havia marcado um mísero gol. Estava, portanto, há mais de 270 minutos sem mandar a bola para as redes. Nada garantia que o faria no quarto compromisso. Nada garantia, mas aconteceu.
Apesar daquela vantagem inesperada, um rápido olhar em volta indicava que nem os torcedores, nem os jogadores, do Atlético Cearense se abalaram com aquele gol relâmpago. O Guarani de Juazeiro era muito fraco para aguentar 89 minutos sem levar gols. Era só ir pra cima deles. Só isso!
E aí, meus caros amigos poetas e assemelhados, de todas as cores, credos ou gêneros, virou um jogo de ataque contra defesa. E veio uma sequência de milagres do goleiro. Os rostos foram ficando tensos. E pelo que se viu depois, nem que se jogassem 890 minutos o gol do Atlético sairia.
No fim das contas, para resumir a ópera, o Guarani de Juazeiro marcou o seu primeiro gol no campeonato cearense de 2019 e entregou a lanterna para outro candidato. Se eu sei o nome do goleiro do Guarani? Não, eu não sei. Mas suspeito que se chama Cícero! Padre Cícero! Deve ser ele sim!