Caso a internet no Brasil fosse mais barata e acessível e sua rede de boa qualidade, o futebol brasileiro talvez já tivesse fincado os dois pés na web. Mas a realidade é outra.
O fato da Conmebol tirar os direitos de exclusividade do Facebook para transmissão de jogos da Copa Libertadores revela isso. No novo acordo anunciado pela entidade, a Fox Sport também passará os jogos ao vivo na televisão junto com a rede social.
Alega-se que a má qualidade da imagem nos jogos já transmitidos da competição desse ano, o delay muito grande e os constantes travamentos, levaram a Conmebol a mostrar também na TV as partidas que antes estavam passando somente na internet pelo Facebook.
Há também uma questão muito importante. O afastamento do telespectador no Brasil da televisão tem sido mais lento do que se imaginava, principalmente com relação ao futebol.
Sabe-se que assistir partidas pela TV em locais públicos cresceu muito no país de duas décadas para cá. Virou programa assistir jogos no bar da esquina, por exemplo.
Isso ocorreu depois que as operadoras de TV fechada começaram a oferecer pacotes de assinatura a estabelecimentos comerciais com preços bem competitivos, para tentar aumentar a base de assinantes.
Portanto, passou-se a se ter nesses ambientes jogos ao vivo e de graça ao torcedor – claro, esperando consumo do telespectador de produtos da casa -, para quem não tinham acesso em sua residência a isso.
Criou-se então o chamado torcedor de sofá – ou aquele que não vai ao estádio acompanhar seu time, a não ser em casa ou perto dela, sentado confortavelmente.
Outro aspecto diz respeito ao futebol no rádio, também enraizado no país, mas menos influente. Ainda assim, faz o sujeito se ligar nele ao invés de assistir uma partida na web e, às vezes, até pela TV.
A realidade é que sair da TV ou rádio para ir à web, com toda sua transmissão ainda instável, pode ser algo pouco atraente.
Na Europa é inevitável a internet superar a TV em audiência no futebol. Tudo conspira a favor, como a qualidade da rede, o acesso fácil, a disponibilidade, o custo baixo e a sede de anunciantes em se mostrar na nova plataforma de transmissão de jogos.
Por lá, a aceitação do novo modelo de ver o futebol está intimamente ligada à própria forma como encaram o desenvolvimento da internet na ruptura de padrões.
Inclusive, já há canais de serviços streaming (ou seja, pela internet) só de jogos de futebol – algo ainda não resolvido por aqui.