Orquestra e charuto

Parece que eu sequei o Galvez. É que eu falei na crônica passada que o time da PM era a nossa melhor aposta para os campeonatos brasileiros que virão por aí. O meu prognóstico se baseava em vários elementos, sendo o principal deles o desempenho do time no turno do campeonato estadual.

Aí, depois disso, veio o jogo com o Vasco, equipe que passou o mesmo primeiro turno sem uma vitoriazinha sequer. O time da Fazendinha, no turno, jogou cinco vezes e só conseguiu empatar duas. Com dois pontos na tabela, era sério candidato ao rebaixamento. O Galvez, por seu lado, favoritíssimo.

Como favoritismo (tabu, tradição, retrospecto etc. e tal…) não entra em campo, e por isso o futebol é um esporte tão fascinante, eis que no confronto entre as duas campanhas tão díspares deu o teoricamente pior. E assim, o favorito Galvez levou uma peia do então tido como azarão.

Pra falar a verdade, o segundo turno do Vasco tem sido impecável: duas vitórias em três jogos. Além do Galvez, o Almirante também bateu o Náuas. E só empatou com o Plácido de Castro, com o qual divide as primeiras colocações do grupo B. As semifinais do returno batem à porta.

Mas o que poderia ter acontecido para o Vasco melhorar tanto o seu desempenho entre um turno e outro, saindo praticamente de uma condição de saco de pancadas para terror dos adversários? O que poderia ter acontecido se a gente não vive mais tempos de água transformada em vinho?

Para satisfazer a minha curiosidade e responder às minhas indagações, me danei a disparar e-mails para os chegados. Uma enquete eletrônica, reunindo as opiniões de especialistas de bastidores (ou de sofás, ou de arquibancadas, tanto faz), pode trazer luzes num horizonte de trevas.

A maioria das criaturas consultadas ignorou a minha enquete. Outras responderam de forma ambígua, tipo acho isso, acho aquilo, nem barro nem tijolo, muito menos céu ou terra. Dois desses chegados, porém, me deram respostas bem diretas. No caso, o Ezequias Açaí Sarado e o Joraí Salim.

De acordo com o Ezequias, essa mudança de atitude do Vasco se deve a um trabalho feito numa encruzilhada pelo presidente Lobinho. Trabalho sério, regado a farinha d’água e charuto cubano. Já a explicação do Joraí é a de que um time com um técnico chamado Som tem que jogar por música.

São duas boas explicações. Charuto cubano, contrabandeado via Caracas, dizem que se não matar, engorda. E a teoria do jogo por música pode não ter dado certo no primeiro turno porque o time (orquestra) ainda não estava devidamente ensaiado. O Ezequias e o Joraí são grandes analistas!