A tabela e a honra

Dois jogos finalizam o returno do campeonato acreano de futebol 2014 nesta quarta-feira, 28 de maio. São jogos que não valem coisa alguma em termos de classificação às semifinais ou rebaixamento para a segunda divisão. A essa altura dos fatos, já estão definidos os clubes semifinalistas, assim como o rebaixado. São jogos apenas para o cumprimento da tabela.

Apesar de tudo, porém, existe um componente essencial nessas partidas que não definem nada. Existe a chamada “questão de honra”. Mesmo que nem as posições nem o destino dos clubes envolvidos na rodada sejam alterados pelos resultados, o certo é que ninguém quer perder. A derrota, qualquer que seja a circunstância, não faz parte dos planos.

No que diz respeito aos times que continuarão na disputa, penso que o desejo deles é o de permanecer em ascensão. Já os que se despedem dos gramados até o ano que vem, quando o carnaval chegar, faz parte das pretensões destes deixar uma última boa impressão. Assim, penso que não haverá moleza nem entre Náuas e Plácido, nem entre Alto Acre e Galvez.

Do que se viu até aqui, agora tentando imaginar o que virá pela frente, a partir do próximo domingo, entram na disputa das semifinais como favoritos o Atlético e o Rio Branco, contra, respectivamente, o Galvez e o Plácido de Castro. O Atlético por não haver perdido pra ninguém até aqui. E o Rio Branco pela sua tradição de time de chegada.

A condição de favoritos, entretanto, não garante coisa alguma nem ao Galo nem ao Estrelão. Principalmente se forem levados em conta dois fatores. Primeiro: o Atlético jamais venceu o Galvez. Todos os confrontos entre estas equipes até hoje terminaram empatados. Segundo: o Rio Branco levou a pior no seu último jogo contra o Plácido. Um a zero para o Tigre.

O empresário Ezequias “Açaí Sarado”, torcedor fanático do Rio Branco, ressabiado de muitos invernos amazônicos, barbas devidamente de molho e degustando a farinha que eu trouxe pra ele de Cruzeiro do Sul, a exemplo de como o favoritismo é meramente teórico em futebol, sintetiza numa ideia a situação: “Professor, na prática a teoria é outra”, diz ele.

As palavras do “Açaí” traduzem a expressão da verdade. Quando a bola rola, são tão imponderáveis os fatores envolvidos na disputa que, como diz o ditado popular, “favoritismo não entra em campo e só depois do apito final é que se pode ter certeza de alguma coisa”. Existe sempre a possibilidade da entrada em cena daquela famosa “caixinha de surpresas”.

O certo mesmo, independente de qualquer favoritismo, agora externando a minha opinião, é que nós deveremos ter uma sequência de jogos de arrepiar nesta reta final do campeonato acreano de futebol 2014. Tomara que os torcedores dos times envolvidos na disputa resolvam dar o ar da sua graça. Futebol sem público é como uma casca sem conteúdo!

Francisco Dandão