Futebol e música

Subo e desço as ladeiras do centro histórico de São Luís por esses dias. Fachadas antigas, azulejos e pequenas lojas de artesanato fazem a festa dos turistas. Apesar de a cidade parecer meio abandonada, longe do zelo com que foi cuidada um dia, ainda assim é um raro prazer circular por aqui.

Além do mais, para quem gosta de música regional, o centro histórico é um lugar mais do que perfeito. Em praticamente todos os restaurantes da área o que se ouve são animadas toadas de boi. A gente come embalado pelo som de uma turma de maravilhosos artistas. Papete está em todos os cantos!

Como eu sou uma criatura ligada ainda a uma forma de consumo tradicional (mas não sou, necessariamente, tecnofóbico, viu?), aproveitei pra encher a mochila com CDs de músicos e cantores maranhenses. César Teixeira, Erasmo Dibell, Adelino Nascimento, Antenor Bogéa… Muitos!

Eu devo ser um dos últimos consumidores de CDs do mundo… Agora tudo pode ser encontrado e baixado na internet… O vendedor da lojinha que eu encontrei no Centro Histórico certamente percebeu esse meu costume jurássico… E tentou me empurrar a loja toda… Tive que segurar o bolso. Rs.

No que diz respeito ao futebol nosso de cada dia, o time mais discutido por aqui atualmente nas rodas de conversas dos torcedores é o Sampaio Correa, conhecido pelo epíteto de Bolívia Querida. As cores do uniforme do Sampaio (vermelho, amarelo e verde) são as mesmas da bandeira boliviana.

O time lidera o Grupo A do Campeonato Brasileiro da Série C. Venceu três das cinco partidas jogadas até aqui. Marcou 10 gols e sofreu cinco. Fora isso, acabou de duelar com o poderoso Palmeiras pela Copa do Brasil. Perdeu duas vezes. Mas conseguiu engrossar ambos os jogos. Tá bem na fita!

Com todos os torcedores que eu tive contato percebi a convicção de que o Sampaio Correa vai voltar para a Série B no próximo ano. Quer dizer: percebi a convicção, vírgula, é o que eles dizem mesmo. Embora ainda falte muito campeonato da Série C pela frente, ninguém duvida que o time suba.

Quanto aos ídolos do passado, o mais lembrado chama-se Canhoteiro. Era um ponta-esquerda baixinho, veloz e driblador que chegou a jogar no São Paulo e até na seleção brasileira, na década de 1950. Dizem que era o Garrincha canhoto. Pelé o tinha como ídolo. No Maranhão é quase um santo.

Por último, antes que alguém diga que eu não falo de flores, devo esclarecer que vim a São Luís participar do congresso Nordeste da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação. O assunto sobre o qual falei foi o lirismo e o humor na crônica esportiva brasileira. É isso aí!