Futuro do esporte olímpico no país é incerto

Boquiaberto com o bom desempenho do Brasil nos Jogos Pan-Americanos de Lima, encerrado há alguns dias atrás, fui pesquisar para saber o que ocorreu de fato para o país ter alcançado o segundo lugar no quadro de medalhas, fazendo sua melhor campanha da história, superado apenas para os Estados Unidos.

Pelo que entendi lendo analistas que vivem o dia a dia do esporte olímpico, o bom resultado é fruto de um trabalho que vinha sendo realizado pelos atletas de alta performance e de enorme potencial desde antes dos Jogos Olímpicos de 2016 no Rio, que permaneceu sendo feito nestes últimos três anos.

Por conta disso, é provável que o Brasil nos Jogos Olímpicos de Tóquio, no ano que vem, atinja bons resultados no quadro de medalhas – talvez melhor que no Rio 2016. Isso seria fruto ainda do ciclo de trabalho com atletas vencedores ou altamente competitivos.

O problema é que esse período com um conjunto de competidores com alto desempenho vai acabar em breve. E deve ser exatamente após Tóquio 2020.

A história conta que os recursos do Comitê Olímpico Brasileiro e de algumas federações foram direcionados nos últimos tempos mais a esses atletas capazes de realizar grandes feitos esportivos, e menos, mais muito menos, à formação de esportistas.

Isso criará um abismo daqui a dois anos de novos talentos em várias modalidades esportivas, já que sem formação não há como surgir potenciais campeões.

Investir em formação é algo mais caro do que manter atletas de alto rendimento. Exige elevado planejamento, um sem número de profissionais e equipamentos esportivos adequados e capazes de receber crianças e adolescentes em número expressivo – para se extrair dali dois ou três em cada esporte com capacidade de disputar títulos.

Portanto, vamos comemorar, mas o futuro a longo prazo parece absolutamente incerto. E talvez daí se entenda exatamente o que ocorreu nesta década no país no seu âmbito esportivo.