Do céu ao inferno

MANOEL FAÇANHA E IVAN MAZZUIA

Localizado no sul da região amazônica, o estado do Acre contou na última temporada com quatro equipes participando de competições nacionais. O estado tem população estimada de 769.265 habitantes, segundo dados do Censo de 2018, e apresenta Índice de Desenvolvimento Humano, IDH, médio – 0,663, conforme números do IBGE. Nesta temporada, o Atlético Acreano foi o único representante local na disputa da Série C, mas acabou rebaixado, contribuindo assim para o crescimento do desemprego no estado que hoje atinge aproximadamente 67 mil trabalhadores, índice esse que ajuda a elevar a taxa de suicídio / depressão.

Nesta temporada, o Atlético Acreano participou pelo segundo ano consecutivo da disputa do Campeonato Brasileiro da Série C. Conforme a diretoria, o clube celeste tinha folha de pagamento orçada em 60% menor em relação à temporada 2018. Os valores da receita também contrastavam com o investido nos clubes classificados para a fase Quartas-de-final. Dos oito classificados, sete times possuem algum tipo de investimento público.

Conforme o apurado, o mencionado apoio está atrelado desde o incentivo de patrocínios, investimentos em campeonatos, emendas ou leis de incentivo ao esporte.

Acre terá redução na economia futebolística em 2020

O rebaixamento do Galo Carijó durante a disputa do Campeonato Brasileiro da Série C deste ano vai custar caro para o futebol local a partir do próximo ano.

Nesta temporada, o futebol local contou com três vagas na Copa Verde, duas na Série D e outras duas na Copa do Brasil, além da participação do Atlético Acreano na disputa da Série C pelo segundo ano consecutivo, dando assim sua parcela de contribuição na geração de emprego e renda.

Num rápido balanço, registramos que na temporada 2018, entre as competições citadas e os seus representantes, o estado recebeu 22 partidas. Nesta temporada, se for adicionada a Copa do Brasil de base, o número sobe para 24 jogos.

Cada vez que um clube do Acre atua como mandante registra-se entre a delegação visitante, profissionais de imprensa e trio de arbitragem, a presença de 40 pessoas, isso sem falar ainda da presença de alguns torcedores dos clubes visitantes. Essa movimentação toda gera receita oriunda da venda de passagens aéreas, hospedagem / hotelaria, alimentação, ISS (Imposto Sobre Serviço), ICSM (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) e condução terrestre, que dará o suporte dentro do município para os respectivos citados.

Certamente que essa movimentação futebolística contribui para um retorno financeiro às empresas locais, ajudando assim na criação ou manutenção de postos de trabalho. No entanto, caso nenhuma equipe acreana consiga o acesso para a Terceira Divisão na temporada 2020, dificilmente a capital acreana chegará a mandar 12 partidas por competições nacionais em 2021. A tradução disso em números é uma redução drástica da contribuição do futebol para a nossa economia, isso se compararmos os dados de 2019 com a previsão de 2021. Tudo porque os números dos setores envolvidos podem alcançar um lucro 50% menor do que os dias atuais.

Hoje, cerca de mil pessoas se deslocam até Rio Branco por conta do futebol. Em 2021 o número poderá ser inferior a 480 envolvidos, isso caso nossos representantes não avancem nas competições nacionais. É bom frisar que na próxima temporada – 2020, excepcionalmente, o futebol acreano terá três clubes na Série D.

Também é digno de registro que na próxima temporada teremos que enfrentar times menos tradicionais, além de menor número de torcedores e delegações mais enxutas. Também corremos o risco de público menor nas praças esportivas, baixando a visibilidade dos respectivos patrocinadores. Vale salientar, ainda, que dos 21 jogos disputados em 2018 entre Série C e Copa do Brasil, 15 partidas do Atlético Acreano foram transmitidas ao vivo na televisão.

Um futuro incerto aguarda o Acre, que possui somente dois acessos em nível nacional. O primeiro com o Rio Branco na temporada de 1989 para a disputa de uma Série B, enquanto o segundo, em 2017, com o Atlético Acreano. Dias sombrios podem assolar o futebol local, se alastrando assim por toda a economia da região.