No meio das discussões sobre a convocação de Júlio César como goleiro titular para a Copa do Mundo, apesar dele estar longe dos holofotes das principais equipes do futebol mundial, gostaria de resgatar um texto que escrevi quatro anos atrás, antes da Copa do Mundo de 2010, por conta de outra polêmica convocação, do terceiro goleiro, Doni.
No futebol algumas frases se tornam célebres mesmo que não tenham qualquer importância, sendo, na verdade, totalmente irrelevantes.
No entanto, elas continuam a ser citadas como se servissem para justificar as ações tomadas no dentro do mundo do futebol.
Pois bem, a frase é: “Goleiro é cargo de confiança”.
O uso da mesma serve basicamente para justificar os técnicos que escolhem, para suas equipes e seleções, determinados goleiros que não são as melhores opções existentes. Pois gostaria de saber qual posição em uma equipe não deve ser preenchida por jogadores de confiança, sobretudo, de quem os convocam.
Esta frase passou a ter grande destaque quando Parreira insistiu na manutenção de Taffarel durante todas as eliminatórias para a Copa de 1994, depois de falhas frequentes e comprometedoras deste goleiro (Quem esquece do jogo em La Paz contra a Bolívia, por exemplo?) Pois bem, naquela vez Parreira fez com que a frase fosse um sucesso, uma vez que Taffarel foi mantido e fez uma excelente Copa, apesar da falha no jogo contra a Holanda.
Depois da Copa, suas falhas voltaram e de forma frequente, e desta vez o “criativo” técnico Zagallo, muito possivelmente pelo principal critério usado por ele durante toda a sua carreira, a superstição, manteve Taffarel, e acertou de novo, pois Taffarel entrou para a história como goleiro de Copa do Mundo. Particularmente, em minha opinião seu único acerto naquela Copa, pois qualquer outro que tenha ocorrido foi apagado pela insistência em escalar Bebeto durante toda a Copa.
Mas, voltando ao assunto, em 2002, esta frase “Goleiro é cargo de confiança” voltou de forma forte, quando Felipão convocou Marcos. Bom goleiro, Marcos não comprometeu, mas em toda a sua carreira sua regularidade se limitou aos períodos de 1999 e 2000, quando sua equipe, o Palmeiras, eliminou o Corinthians por duas vezes, e durante os jogos da Copa. Pouca coisa? Não isto foi muito importante, mas, Marcos não era o melhor goleiro para a Copa de 2002.
Assim como o titular da Copa da África do Sul, Júlio César. Conhecido no meio futebolístico por possuir excelentes contatos profissionais que ajudaram de forma decisiva para a sua convocação para a Copa de 2006, Júlio César já pode ser considerado o goleiro para próxima Copa, uma vez que qualquer bobagem que faça, não será maior que sua substituição pelo irritantemente fraco goleiro da Roma, Doni. Nada como não ter reservas, qualquer coisa, basta usar a frase “Goleiro é cargo de confiança”.
Aliás, se na Itália não há goleiros só um pouco superior a Doni, podemos ficar tranquilos ela não será nossa adversária em 2010.
Por fim, acho interessante o critério que os técnicos da seleção usam para definir o terceiro goleiro, “…deve ser um jovem para pensarmos nas próximas copas…”. O indicado, por Parreira, para 2006 foi Júlio César, e coincidentemente, ele foi o escolhido pelo Dunga. Já sei, “Goleiro é cargo de confiança”, neste caso só iremos precisar saber de quem, pessoa ou instituição?