Quando foi criada a Copa Sul-Americana em 2002, os clubes brasileiros a ignoravam solenemente, tanto que nos primeiros anos de competição sequer uma equipe brasileiro chegou à final de uma edição.
O primeiro título só veio com Internacional, em 2008. A partir daí os times daqui começaram a dar um pouco mais de atenção à essa copa continental.
O título do torneio conquistado pelo São Paulo em 2012 foi muito festejado. A Chapecoense foi declarada campeã depois do trágico acidente aéreo que vitimou a equipe, justamente no momento em que se deslocava do Brasil para a Colômbia para fazer a primeira partida da final.
No ano seguinte o Flamengo perdeu o título em pleno Maracanã para o Independiente. Em 2018 o Atlético-PR ergueu a taça depois de vitória nos pênaltis.
A Copa Sul-Americana passou com o tempo a ser salvação do ano. O problema é que a competição acontece em paralelo com o difícil Campeonato Brasileiro.
Quando o Fluminense foi à final em 2009 (perdeu para o LDU na decisão), o time quase caiu para Segundona – ficou em 16º lugar no Brasileiro, a um ponto do último clube que ficou na zona de rebaixamento.
Mas por outro lado alguns times iam (e vão) atrás do título da Sul-Americana por que no Campeonato Brasileiro já não viam (ou veem) chances reais de vencê-lo ou pelo menos brigar pelo título.
Na Copa Sul-Americana desse ano, que teve já a realização de suas semifinais com dois times brasileiros caindo, mostra um pouco essa realidade.
Tanto Corinthians como Atlético-MG, que perderam suas chances de irem à final, não tem grandes pretensões no Campeonato Brasileiro com elencos limitados, embora sem risco de cair para segunda divisão.
Para ambos clubes a Sul-Americana tornara-se algo muito relevante nesse fim de ano. Mas falharam com equipes pouco conhecidas do torcedor brasileiro, como foi o caso do argentino Colón (que tirou o Galo) e o equatoriano Del Valle (que eliminou o Timão).
Apesar das semifinais terem sido muito apertadas – inclusive com a classificação do time da Argentina nos pênaltis -, ficou claro também que ambos clubes subestimaram seus adversários.
Da desacreditada Sul-Americana de 2002 ao fiasco de 2019 no torneio, o Brasil tem a aprender com a competição – principalmente com relação ao desdém com que trata o futebol dos países vizinhos.
É preciso mais atenção ao que acontece no continente, não somente para contratar jogadores, como vários clubes já fazem.