Tenho trocado mensagens com frequência por estes dias com um personagem ao mesmo tempo importante e discreto da história do futebol acreano. Importante porque foi um dos fundadores do Juventus (de saudosa memória). E discreto porque ele só fala de si mesmo quando é provocado.
O interessante é que apesar de nos conhecermos há muito tempo e termos trabalhado por anos na mesma instituição, a Universidade Federal do Acre, pouco nos encontramos para levar um papo. É que ele, professor de física, trabalhava no período noturno, enquanto eu batia ponto pela manhã.
Agora que ambos estamos aposentados, mesmo morando em cidades distantes uma da outra (ele em Foz do Iguaçu-PR e eu em Fortaleza-CE), estreitamos a comunicação, via aplicativos de mensagens. Felizmente, no mundo pós-moderno não existe mais espaço para quem usa um celular.
Pra falar a verdade, eu mais pergunto do que respondo. Afinal, o personagem importante é ele, que além de ter participado da fundação do Juventus, em 1966, ainda foi responsável pela lateral-esquerda do Clube da Águia por várias temporadas, ajudando na conquista de inúmeros troféus.
E nessas de perguntar pra lá, perguntar pra cá, fiquei sabendo que o Juventus já era forte antes de nascer. Explico: é que o embrião do clube foi o time do Colégio dos Padres (isso eu sabia), que venceu todas as partidas que fez no interior, em Boca do Acre, Sena e Xapuri (isso eu não sabia).
Tudo teria começado, segundo o ex-craque, em 1965, quando o time do Colégio dos Padres foi a Sena Madureira e venceu o Comercial duas vezes (3 a 2 e 3 a 1). Depois foi a Boca do Acre e bateu a seleção local por 5 a 2. E já em 1966, venceu duas vezes a seleção de Xapuri, ambas por 3 a 2.
Possuidor de uma memória privilegiada, Antônio Maria lembra, 50 anos depois, da maioria dos jogadores que participaram daquelas excursões. E os cita: “Tancremildo, Nemetala, Roney, Milton, Dadão, Pingo Zaire, Nilson, Carlos Mendes, Eloy, Elísio, Zé Vieira, Messias, Nelcirene…”.
E lembra também de todas as pessoas que participaram do ato fundador do Juventus, em 1º de março de 1966. “O ato teve a participação, além de alguns jogadores, dos padres Antonio e Mário, da dona Dinah, dos professores Elias Mansour e Té e do craque Touca”, garantiu o ex-lateral.
São muitas as histórias desse vetusto ex-atleta do Juventus, de futebol clássico, tanto que jamais sofreu uma punição. Só jogava na bola. Ainda não sei todas (as histórias). No decorrer do tempo, com a gente mantendo a nossa correspondência, eu vou descobrir muito mais. E aí eu conto pra vocês!