Gosto de passar a data do meu aniversário viajando. Peguei essa mania depois que me aposentei do serviço público, em 2015. Pra falar a verdade, eu já havia feito isso uma vez, em 2009. Naquela oportunidade, eu dei um tempo nos meus estudos de doutoramento e me mandei pra Buenos Aires.
Aí, depois disso, só fui intensificar essa prática de passar o aniversário em alguma paragem distante a partir de setembro de 2016, quando fiz um brinde à vida nas alamedas do Jardim de Luxemburgo, em Paris. Bonaparte e De Gaulle são testemunhas disso. Eles estavam lá, me observando de longe.
Em 2017, no aniversário de 61 anos, o destino escolhido foi a Cidade do Cabo, na África do Sul. Bebi todas as garrafas de vinho que cruzaram o meu caminho. Tanto vinho que um dia eu tive a impressão de que um sujeito que me acenou, num bar da região do Waterfront, era o próprio Mandela.
Já na comemoração de 2018, eu fui parar em Milão, no norte da Itália. E tome mais algumas rodadas de vinho e muita pizza. O brinde dos 62 anos eu fiz questão de fazer do alto da catedral centenária que serve de ponto de encontro para turistas do mundo inteiro. Uma cidade linda aos meus pés!
Eis que, então, chegou 2019. Pensa daqui, pensa dali, meio sem ideia de onde comemorar o aniversário de 63 anos, fechei os olhos, rodei o globo terrestre que adorna a minha escrivaninha e o meu dedo parou nas imediações de Nova York. Resolvido. Parti para a chamada Big Apple.
Não me perguntem porque a cidade tem esse apelido. Nem o santo Google me deu essa resposta. Supostamente foi um colunista esportivo que um dia resolveu chamar a metrópole dessa forma. Pouco importa. O que conta é que foi ótima a minha escolha. Um lugar para a gente voltar sempre.
Fiquei dez dias por lá. Fiz questão de andar a pé, na região central da cidade. Meu desejo era me perder no meio da profusão de gente que faz a mesma coisa. Mas descobri que é impossível se perder em Nova York. A ordenação das ruas dá sempre a noção exata de onde você se encontra.
Fora da região da Broadway e da Times Square, eu arrisquei incursões à Estátua da Liberdade e ao Jardim Botânico do Brooklyn. Mas aí eu já não fui caminhando. Pra estátua eu fui de ônibus (até o porto) e barco (cruzando o Rio Hudson). Para o Jardim Botânico, eu fui de metrô (veloz, pontual).
Por último, um detalhe relevante: no sábado (28), sem mais nem menos, me meti num calção e ensaiei uma corridinha no Central Park. Acho que não corri mais do que dois quilômetros. Para um sedentário assumido, isso é igual a uma maratona. A Big Apple é mágica. Me botou até pra correr!