Assim com o São Paulo e a CBF, Fla pode tropeçar nos velhos vícios

A qualidade do time do Flamengo em relação aos seus adversários no Brasil é superior e ponto final. Na América do Sul, é também provável que seja.

Mas a equipe do River Plate, adversário do rubro-negro na final da Libertadores, é melhor que qualquer outro clube brasileiro, com a exceção talvez do Flamengo.

O time da Gávea seguindo para o Mundial no Catar em dezembro, caso conquiste o título do continente, deve medir forças na decisão contra um europeu – o Liverpool – e será difícil dizer quem se dará bem, pois tudo é possível quando uma equipe brasileira chega a finalíssima, como se pode observar pelo histórico do torneio.

O Flamengo parece encaminhado nesse final de ano promissor de glórias. O que me inquieta é no ano que vem.

Um clube brasileiro nunca viveu uma situação dessas em períodos recentes. Os investimentos foram e são altos, com salários de jogadores astronômicos e uma penca de estrelas surgidas no gramado e outras que já chegaram consagradas.

Mas antes, o clube tinha total incidência nos atletas. Hoje, são empresários que controlam os jogadores, planejam suas vidas, pressionam técnicos, negociam com dirigentes.

Não vejo o futebol brasileiro, nem mesmo o rubro-negro, com tanto profissionalismo assim para equilibrar interesses diversos de fora. Sabe-se que têm muitos cartolas com baixo compromisso com a agremiação.

Ser apaixonado pelo clube é uma coisa. Outra é se libertar de interesses pessoais (inclusive a vaidade) para pensar na instituição como bem maior.

Assim, os conflitos internos devem aparecer em breve, se é que nos bastidores isso já não está latente. É muita grana envolvida.
Pode colocar a saída de pelo menos três importantes jogadores do plantel em meio às inevitáveis disputas entre empresários, atletas, comissão técnica e dirigentes com as conquistas – uma pelo menos virá, a do Campeonato Brasileiro – do rubro-negro ainda esse ano.

Não se pode perder de vista que as estruturas do futebol brasileiro são arcaicas e amadoras, e o Flamengo não está imune a isso, embora possa parecer o contrário. Nenhuma instituição no país está vacinada contra a eterna dificuldade do país de se modernizar na gestão por vícios conhecidos.

A CBF é um exemplo clássico de derrocada, envolvida em vários escândalos e a seleção atual capengando, assim como o São Paulo, exemplo de boa administração no passado não muito distante e que não ganha mais nada nos dias atuais.

Isso me leva a crer que no ano que vem pode ser outra história para o rubro-negro, embora a euforia demonstre o contrário.