Francisco Dandão
Dos oito irmãos homens da família Ferreira Martins, moradora nas décadas de 1940/1950 do bairro Seis de Agosto, apenas Danilo e Stélio se tornaram jogadores de futebol. O primeiro, atacante, foi artilheiro em todos os clubes por onde passou. O segundo, lateral, era do tipo que impunha respeito pela força física. Ambos famosos por não levar desaforo pra casa.
Danilo, que nasceu no dia 12 de junho de 1944, começou a carreira de forma precoce. Aos 14 anos, em 1958, ele participou de uma peneirapara o time juvenil do Vasco da Gama. Mandou bem, fazendo gols no treino contra o time principal. O presidente do clube, Almada Brito, viu que tinha uma joia nas mãos. E logo tratou de registrá-lo como jogador da Cruz de Malta.
Dois anos depois, em 1960, ainda um jovem imberbe, começou a frequentar o banco de reservas do time adulto. Entrava de vez em quando, no segundo tempo das partidas. Fazia gols sempre que entrava. E assim não demorou a se firmar como titular. “Eu entrava tanto na ponta-direita quanto no comando do ataque. Mas eu preferia jogar de centroavante”, disse Danilo.
Em 1963, Danilo parou momentaneamente com a bola para prestar o serviço militar. A direção da 4ª Companhia de Fronteira estava criando um time de futebol (Grêmio Atlético Sampaio) e queria o atacante no comando do ataque. Ele, porém, não aceitou, alegando que era funcionário público. Essa recusa, segundo ele, o tornou persona non grata entre os militares.
Os primeiros títulos
Em 1964, com a camisa do Rio Branco, Danilo ganhou o seu primeiro título de campeão estadual. Dono de uma memória prodigiosa, ele recitou de primeira a escalação do Estrelão, 55 anos depois. “Raimundinho Caju; Raimundinho Priquito Seco, Júlio D’Anzicourt, Campos Pereira e Benedito; Dimiro e Pedro da Burra; Trinta e Um, Danilo Galo, Touca e Edgar”.
No ano seguinte, novo título estadual. Dessa vez com a camisa do Vasco, o clube que o havia acolhido na adolescência. O professor Almada Brito o convenceu a voltar para a Fazendinha.E novamente ele lembrou a formação do time, do goleiro ao ponta-esquerda: “Bruzugu; Luís Cunha, Paulo, Alberto e Babá; Aderson e Dim; Ribamar, Kikita, Danilo Galo e Damásio”.
Danilo permaneceu no Vasco por quatro temporadas. Quando chegou o ano de 1969, ele foi convidado a vestir a camisa do Independência. Mas só fez amistosos, porque os dirigentes do Tricolor não cumpriram com o prometido. Aí ele foi para o Atlético Acreano, onde ganhou uma casa a pretexto de “luvas”. Passou dois anos no Galo, sempre fazendo muitos gols.
A lua de mel com o Atlético acabou porque o treinador Valdé queria que Danilo jogasse machucado. O artilheiro não topou e se mandou para o Rio Branco. Ficou dois anos nessa segunda passagem no Estrelão. Aí veio o último clube, o Andirá, onde Danilo ficou de 1973 a 1978. “Parei aos 34 anos, quando percebi que trave tava diminuindo”, explicou ele divertido.
A origem do apelido e o melhor dirigente
“Galo”, que poderia ser sobrenome, na verdade é um apelido. Ele o ganhou pela paixão por galos de briga. Paixão essa que começou cedo e que o acompanha até hoje. “Participei de muitas rinhas, em vários estados brasileiros e até fora do país. Hoje não participo mais porque existe uma proibição legal, mas continuo criando os meus franguinhos”, disse Danilo.
Indagado sobre o melhor dirigente e o melhor treinador com os quais conviveu, Danilo Galo nem chegou a pensar para responder. “O melhor dirigente com quem eu trabalhei foi o professor Eduardo Almada Brito. Um sujeito que cumpria todos os compromissos que assumia. E o melhor treinador foi o Valdé, que entendia de estratégia como poucos”, garantiu.
No que diz respeito ao zagueiro que melhor o marcava, Danilo Galo citou o tricolor Jorge Floresta. “Esse era um carrapato. Era daqueles zagueiros que não desgrudava do atacante um único segundo. Ele tinha uma condição física excepcional, jogava se antecipando e era leal. Não apelava para o pontapé. Os outros zagueiros, eu é que os marcava”, afirmou.
Sobre um fato marcante na carreira de atleta, Danilo disse que todos os títulos são inesquecíveis. Mas disse também que se fosse escolher uma situação seria a estreia dele pelo Rio Branco, em 1971, depois de sair do Atlético. “A minha estreia pelo Estrelão foi justamente contra o Atlético. Eu marquei três gols. Um foi anulado. Nós ganhamos por 2 a 0”, concluiu.
(Texto originalmente publicado em Futebol Acreano e Revista – Edição nº 9 – Dezembro de 2019)