Em dezembro último foi inaugurado o Estádio Olímpico de Tóquio, no Japão, que custou R$ 5,25 bilhões e capacidade para 68 mil pessoas.
Era para os japoneses terem gastado mais um pouco, se o projeto original tivesse sido mantido, da arquiteta iraniana Zaha Hadid.
Mas as manifestações contra os custos altos fizeram o projeto arquitetônico parar nas mãos do japonês Kengo Kuma, que elaborou algo mais “simples”. Os valores da construção, então, caíram quase R$ 1 bilhão.
O local irá receber a abertura e o encerramento dos Jogos, além do atletismo e partidas de futebol.
A arena é impressionante. A cobertura é de estrutura de ferro e telhado de madeira. A fachada é feita com vegetação nativa.
Mas R$ 5,2 bilhões é dinheiro para chuchu. É perto do triplo da mais cara arena feita para a Copa do Mundo no Brasil: a de Brasília, segundo dizem.
Os japoneses chiaram que ela custaria mais de R$ 6 bilhões, e ficou em 5 bilhões e pouco. Mesmo com a mudança de projeto, o empreendimento foi entregue com sete meses de antecedência às Olimpíadas.
Olha o que o dinheiro faz. Ou a eficiência. Ou ambos.
O fato é que o Japão é caro mesmo, desde mão de obra a insumos. O custo não chega a assustar muito, assim como não fica esquisito quando comentam os valores dos estádios em obras para a Copa do Mundo no Qatar em 2022.
A Copa da Rússia também não gerou muita blá, blá, blá por aqui, mesmo com os custos também elevados para erguer e reformar arenas.
Já aqui foi um salseiro danado com a construção e reforma dos estádios para o Mundial de 2014. Houve vícios de concorrência para execução? Provável. Alguém levou algum? Provável.
Mas a mão de obra aqui ganha salário mexicano, que trabalha para a construção civil nos Estados Unidos onde americanos nativos não põem a mão no cimento nem por decreto.
A gritaria contra os estádios brasileiros foi pela falta de prioridade, em um país miserável em educação e saúde, além da difícil mobilidade pública.
Custo alto dos estádios no Mundial do Brasil em 2014 pode ter ocorrido, mas há ressalvas, vendo o que se passou e passa em outros países.
Ah, mas aqui anunciaram um valor de construção mais baixo antes de iniciar o projeto.
Isso cheira a discurso político, para vencer a resistência, pelo menos inicial. Depois vê o que dá. Isso foi de fato o que me parece ter ocorrido, além da ineficiência de projetos básicos em medir com precisão os gastos finais das obras.
Não se constrói um estádio razoável por aqui por menos de R$ 500 milhões. Para atender um bom padrão em tamanho e qualidade, pode colocar mais 50% do valor.
O que o Atlético-MG quer investir em estádio próprio, com obras previstas para início desse ano, é esse preço de cerca de 500 milhões. Não chega a ter 50 mil lugares a arena. O clube aposta na simplicidade do projeto.
Não sei, mas precisamos ser mais objetivos nas discussões e entender de fato o que houve em 2014. As arenas custaram uma grana, mas esse troço é caro para caramba fazer, pelo menos a partir do que se vê por aí.