Corrida por ingressos nem parece quem existe “Fora Copa”

Estava lá, às 00h01, desta fatídica quarta-feira, atrás dos últimos ingressos da Copa do Mundo. Esperei uma hora até entrar no site de escolha do ingresso – muita gente nem chegou nesta fase.

Fui atrás dos últimos ingressos no Maracanã. Local onde assisti a várias glórias do Flamengo, queria voltar lá na final, nas quartas, nas oitavas, ou em algum jogo da primeira fase. Valia qualquer um.

Fiquei no site da Fifa até às 3h30. Quase dormi em cima do computador. Quando escolhia um ingresso de uma partida e clicava para entrar na área de pagamento, não conseguia avançar: avisavam que o ingresso já tinha se esgotado – sei lá como funciona isso, mas deveria ter milhares fazendo o mesmo que eu, e a ordem de quem avançaria deveria ser por centésimos de segundo.

Como em cinco em cinco minutos existia atualização de tíquetes das partidas no site, ficava esperando aparecer novos ingressos na lista de viabilidade. E isso acontecia, mas, de novo, nada de conseguir avançar.

Pintou até ingresso para o Itaquerão. Mas de 1 mil reais por pessoa. Esquece! Quero o Maraca, mesmo sem o Brasil.

Cedo, já no trabalho, li as notícias da venda das entradas para Copa. Ingressos da final, dos jogos do Brasil e de partidas no Rio e São Paulo haviam se esgotado ainda na madrugada.

Só restavam tíquetes em Natal, Manaus, Cuiabá, Recife e Salvador, entre equipes de pouca expressão. Foi por esses ingressos que o povo se acotovelou, ou saiu na porrada mesmo, em algumas cidades, para adquiri-los.

Nessas horas de quarta-feira, “Fora Copa” passou batido. A ansiedade de milhares e desejo de milhões deram o tom de que o Mundial era uma realidade presente.

Decepções a parte, do fracasso em obter uma entrada, ficou o gostinho de querer ter ido. A conclusão é que a Copa do Mundo é algo independente. E que mesmo com os altos gastos com os estádios, as inconclusas obras de mobilidade, a falta de investimento em segurança, saúde e educação, isso tudo não tira seu brilho tão fácil assim.

Pode-se reclamar do “Padrão Fifa” e da incapacidade do governo federal e dos governos estaduais e municipais de realizar o Mundial. Mas há de convir que o futebol no Brasil é algo muito mais envolvente do que se possa imaginar. A corrida pelos ingressos é mais uma prova disso.

Augusto Diniz