Francisco Dandão
Tudo aconteceu muito rápido na carreira do sena-madureirense Isaac D’Ávila Filho. Nascido no dia 14 de abril de 1964, ele estreou como volante da equipe principal do Grêmio da sua cidade aos 16 anos, em 1980. De estilo clássico, apesar da boa compleição física, ele fazia questão de desarmar o adversário sem apelação. Desarmava e saía jogando de cabeça erguida.
No ano seguinte ao da sua estreia como jogador de futebol, ele se mudou para Rio Branco, onde passou a estudar no Colégio Meta. Um dia, jogando futebol de salão na escola, foi visto pelo técnico dos juniores do Independência, Aníbal Honorato. Este percebeu o quanto jogava o garoto do interior e o levou imediatamente para defender o Tricolor de Aço.
Chegando ao Marinho Monte, Isaac precisou apenas de alguns treinos para impressionar o técnico do time principal, o lendário professor Walter Félix de Souza, o Té. Tanto que ele não chegou a fazer nem meia dúzia de partidas na base. No primeiro ano, ele figurou mais como opção no banco de reservas. Mas virou titular absoluto da cabeça de área a partir de 1982.
“Eu fui uma das exceções na carreira do técnico Té. Ele gostava mais de trabalhar com jogadores experientes. Mas ele gostou do meu futebol e não demorou a me entregar a camisa titular, num time que alinhava muita gente boa, como o goleiro Zé Augusto, os também volantes Aníbal e Tadeu, além dos atacantes Tonho, Litro, Rose e Salvador”, explicou o ex-volante Isaac.
Seleções de base e transferência para o Galo
Ao mesmo tempo em que subiu para o time principal do Tricolor, Isaac passou a ser convocado para as seleções de juniores que disputavam os campeonatos brasileiros da categoria. No primeiro ano, 1981, em Boa Vista, ele viajou como reserva do Gilmar. Depois, em 1982 e 1983, respectivamente em Manaus e Rio Branco, ele virou titular absoluto.
“Rapaz, dava gosto jogar no meio daquela molecada. Tinha muito menino bom de bola naquelas seleções de juniores. Muitos, depois, se tornaram titulares nos seus clubes. Foram os casos, por exemplo, falando da seleção de 1983, do Antônio Júlio [atacante], do Sabino [lateral], do Venícius [atacante], do Niltinho [zagueiro] e do Klowsbey [goleiro]”, disse Isaac.
Em 1984, depois de jogar três temporadas pelo Independência, Isaac resolveu que era hora de mudar de casa, respirar novos ares. E aí, ele foi defender as cores alvicelestes do Atlético Acreano. O Galo do Segundo Distrito de Rio Branco resolvera montar uma equipe mesclada de jovens e veteranos jogadores. E o volante se encaixava perfeitamente no projeto.
Nos dois anos seguintes, 1985 e 1986, já famoso no meio dos boleiros locais, Isaac passou a mudar de time para ganhar um dinheirinho, mais casa e comida. Assim, em 1985, ele voltou para o Independência, onde conquistou o seu único título de campeão acreano. E quando chegou 1986, novamente ele se mudou para o Atlético, a convite do técnico Júlio Paulo D’Anzicourt.
Volta pra casa, contusões graves e abandono dos campos
Vivendo dias de turbulência, dados uns problemas de natureza estritamente pessoal que surgiram na sua vida, Isaac tratou de rumar para a Sena Madureira da infância, em 1987. Foi uma boa decisão, de acordo com ele, dado que ele arranjou um emprego na Prefeitura local e ainda foi reforçar o time do Comercial, que era comandado pelo prefeito Normando Sales.
A bola, porém, só durou somente mais dois anos. No final de 1988, depois de defender o Comercial e a seleção de Sena Madureira em campeonatos intermunicipais, Isaac sofreu lesões nos dois joelhose precisou pendurar as chuteiras prematuramente, aos 24 anos. Aí o ex-craque resolveu partir para os livros e se formou em Educação Física alguns anos depois.
Atualmente, embora com os joelhos incomodando (ele até hoje não quis se submeter a cirurgias), Isaac ainda bate as suas peladinhas, com a turma do Jumbo, todos os domingos, no campo B da Federação de Futebol. Fora isso, ele ganha a vida como funcionário público estadual, sem deixar, evidentemente, de acompanhar tudo o que acontece no futebol acreano.
Se ele topou escolher os melhores do futebol da sua época? Sim, topou sem pestanejar e citou-os sem gaguejar. Sua seleção formaria com: Xepa; Paulo Roberto, Deca, Neórico e Erivaldo; Tadeu, Carlinhos Bonamigo e Mariceudo; Cardosinho, Gil e Neivo. Técnico: Júlio D’Anzicourt. Dirigente: Hélio Amaral. “Todos esses eram acima da média”, concluiu Isaac D’Ávila.
(Texto originalmente publicado em Futebol Acreano em Revista – Edição nº 9 – Dezembro de 2019)