Coronavírus deve atingir salário de jogador da elite

Quando alguns clubes tentaram criar um teto salarial para o jogador de futebol, a ideia não se frutificou muito. Os leilões continuaram e mantiveram na estratosfera salários de atletas da elite, muitos até sem merecer.

Com essa parada obrigatória nunca vista no mundo nas décadas recentes, com a economia entrando inevitavelmente em recessão profunda, pode-se esperar renegociação de salários de vários jogadores aqui e no exterior – isso será inevitável.

E agora, jogadores e seus empresários dificilmente não cederão. Virá um novo patamar de salário – para baixo. Se isso não acontecer logo após à volta do futebol, será na renovação dos contratos.

Não há dúvida que patrocinadores pularão fora (como já alguns anunciaram) da camisa dos times. Vão cuidar da prioridade que é sobreviver em meio à crise e os meses parados sem girar o caixa.

A televisão também vai nessa linha de repensar pagamento de direitos aos clubes e compras de transmissão de campeonatos. Ora, se patrocinadores podem deixar os times, por que não sairão também da TV.

Sem anunciantes ou cortes de campanha atingindo também a televisão, que é cara para inserção, o troço complica. Só entra peixe grande aí. E hoje essa nata está com a cabeça na continuidade nos negócios – marketing pesado vem depois.

O clube, nesse quadro, ao invés de encarar o leilão de jogador, alguns com blefes, ou mesmo acabar comprando (abrindo desconfiança às vezes de onde vai entrar e sair esse dinheiro), não terá muito o que fazer. Só dinheiro da arquibancada e venda de produtos licenciados ninguém sobrevive.

Caberá dessa fez ao jogador e seu empresário, eles próprios, a iniciativa de negociar o novo patamar. Não vejo outra saída na maior crise do esporte.

O mundo vai estar em outro parâmetro quando tudo passar. A epidemia poderá ceder, mas a recuperação será lenta, principalmente no Brasil, com a economia frágil.

Para colocar o mundo do futebol de volta aos trilhos, salário inflacionado será algo complicado nos próximos anos.