Meu prezado amigo José Pereira Passos, especialista em aerofotogrametria, sensoriamento remoto e georreferenciamento de imóveis, entre muitas outras coisas (o currículo do homem é extenso), é um desses amantes em tempo integral do futebol acreano, principalmente do passado.
Um dia desses, ele fez uma postagem no FB lembrando o quanto os goleiros são criaturas, no mais das vezes, pouco valorizadas, por jogarem numa posição que, de modo geral, não lhes dá muita visibilidade. E aí ele lembrou de dois cracaços das traves acreanas: Zé Augusto e Weverton.
Achei justa a homenagem e a lembrança do Zé Pereira para os dois goleiros citados. O Zé Augusto, hoje conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, foi o primeiro goleiro do Acre a integrar um time do Rio de Janeiro. E o Weverton, hoje no Palmeiras, esse é simplesmente campeão olímpico.
Como eu sou mais ou menos da mesma idade do Zé Pereira (só um pouquinho mais velho), eu também acompanhei a carreira do Zé Augusto, que começou ainda quase menino no Rio Branco, em 1965, passou para o Juventus em 1966, e daí foi para o time juvenil do Flamengo-RJ, em 1967.
Zé Augusto era um goleiro excepcional. Ele tinha 17 anos quando foi para o Flamengo. O convite para ir jogar no rubro-negro carioca surgiu depois de um amistoso do referido time contra o Juventus, em Rio Branco. Os caras perceberam que no gol dos acreanos estava uma dessas jóias raras.
Mal chegou ao Rio de Janeiro, Zé Augusto virou titular do time juvenil. E pouco tempo depois passou a frequentar o banco de reservas do time principal. Fatalmente, mais dia, menos dia, ele seria alçado ao primeiro posto do time de cima. Mas aí, em 1970, o goleiro resolveu voltar às origens.
Segundo o próprio Zé Augusto me contou, ele voltou para o Acre porque queria fazer faculdade e não conseguia isso jogando no Flamengo. Sequer conseguia fazer vestibular, uma vez que na época do exame o time normalmente estava fora do Rio de Janeiro, fazendo pré-temporada.
Mas a volta do Zé Augusto causou uma confusão danada. O Flamengo não queria perder aquele jovem talento nem por decreto. E tratou de retaliar. Denunciou o atleta à Confederação Brasileira de Desportos (CBD) por abandono de clube. E o Zé Augusto acabou pegando um gancho de dois anos.
Quanto ao Weverton, esse é simplesmente o jogador acreano melhor sucedido em todos os tempos. Depois de disputar uma Copa São Paulo pelo Juventus-AC, foi para a base do Corinthians-SP. Aí rodou o Brasil, passando por vários times (Remo-PA, América-RN…). E agora é seleção brasileira!