Depois de muitos anos sem contato, eis que reencontrei no meio desta semana, via rede social, o Cezar Escócio, um amigo das já remotas infância e adolescência. A perda do nosso contato deve-se pelo fato de ele ter migrado de Rio Branco para Belém há sei lá quantos anos. Muitos anos.
Não sei exatamente por quais motivos o Cezar um dia resolveu ir embora para Belém. Qualquer hora, agora que nos reencontramos, ainda que de maneira virtual, eu pergunto pra ele os motivos da sua migração. O que eu sei é que no Pará ele virou advogado e também cantor bem sucedido.
Moramos no mesmo bairro quando éramos adolescentes. No caso, o bairro da Capoeira. Eu morava na Travessa Felisbela Nascimento, uma das transversais da Rua Manoel Cezário, e a casa dele ficava na Travessa Campos do Rio Branco, perto de onde hoje se localiza o hospital Urgil.
Mas antes de sermos vizinhos de bairro, já nos conhecíamos por estudarmos na mesma escola e por, lá pelas tantas, termos feito parte de uma tropa de escoteiros. Essa é uma informação da minha biografia que pouca gente sabe. Pois eu e o Cézar fomos escoteiros, de cantil na cintura e tudo.
Um detalhe pitoresco nessa fase do escotismo é que cada membro do grupo tinha um “nome de guerra”. Esse nome deveria ser de um animal ou de origem indígena, a exemplo do nosso chefe que se chamava Sepetiaraju. Eu era o Cauí e o Cézar era o Lobo Doido. Até hoje nos tratamos assim.
Depois disso fomos, sucessivamente, jogar no infantil do Independência e no juvenil do Rio Branco. O Cezar jogava com igual desenvoltura no gol e no ataque. Fechava as traves quando entendia de fazê-lo. Mas o que ele gostava mesmo era de vestir a camisa nove, lá na frente.
No infantil do Independência, em 1971, até hoje lembro a escalação do time titular, treinado pelo Campos Pereira. O time era: Orlando Sabino; Paulo Lopes, o papai aqui, Vanderlei e Kalil; Clomar, Elano e João do Jaú; Cy, Cezar Escócio e Paulo. Reservas imediatos: Paulo Roberto e Nego Gil.
Desses todos, que eu saiba, só quem conseguiu fama como jogador de futebol foi o Paulo Roberto, que brilhou com as camisas de Rio Branco, Independência e Juventus. O Vanderlei esteve por breve período no Atlético e no Andirá. O Paulo jogou no Floresta. E o Clomar foi ídolo em Xapuri.
Cada um dessa turma aí seguiu para um lado. De alguns não tenho notícia. A vida é assim: a gente se perde e, não raras vezes, a lembrança só desperta no papel de antigas fotografias em preto e branco. Ou então, por artes da tecnologia, a gente agora também pode se encontrar na internet.