Francisco Dandão
O cidadão José Aguiar Prado dividiu a infância entre três cidades acreanas: Feijó, onde nasceu, no dia 17 de julho de 1962; Tarauacá, onde deu os primeiros passos; e Rio Branco, para onde a família migrou em 1971, pouco antes dele completar 9 anos. Nesta última foi que ele começou a dar seus chutes numa bola e escrever a sua história no futebol regional.
Com o nome de batismo, provavelmente, quase ninguém o conhece. Ainda muito pequeno, em Tarauacá, um dos seus tios passou a chamá-lo de Boroco. “O tio Adolfo vivia botando apelido em todo mundo. Ele não chamava ninguém pelo nome próprio. No meu caso, eu não sei onde ele foi buscar esse apelido. Mas o certo é que o apelido pegou”, disse o ex-lateral.
E assim, desde as primeiras peladas, num terreno denominado “Campo da Seringueira”, bem em frente ao portão da Fazenda Araripe, numa das extremidades da Cohab do Bosque, o menino do interior José Aguiar Prado se transformou definitivamente no Boroco, lateral que anos depois iria brilhar com a camisa do Vasco da Gama, cuja sede ficava nas imediações.
A ida para o Vasco se deu em 1981, depois de Boroco integrar um time chamado Cruz de Malta, a convite do professor Almada Brito, e se destacar num torneio realizado na Fazendinha. “O torneio foi realizado pelo professor Rivaldo Melo. No final da competição, eu peguei a seleção. E aí, o professor Almada me levou para jogar no Vasco”, explicou Boroco.
Chuteiras penduradas precocemente
Boroco parou de jogar precocemente, aos 26 anos. Seu último campeonato foi o de 1988. No ano seguinte, o futebol acreano mudou de regime, passando para o profissionalismo. Aí não deu mais pra ele. “Na época, eu trabalhava e estudava. E também me casei. Embora eu ainda tivesse muita condição física, fiquei sem tempo para treinar”, afirmou ele.
O fruto da dedicação aos estudos rendeu ao Boroco duas formações. Em nível de Ensino Médio, ele se tornou Técnico em Contabilidade. E depois, no ensino superior, ele se bacharelou em Administração Pública. Com isso, o ex-lateral logrou um emprego no setor financeiro da Secretaria Estadual de Indústria e Comércio, onde permanece até os dias de hoje.
“Foram oito anos correndo atrás da bola, ali pela beirada do campo, defendendo a camisa do Vasco. Uma camisa que eu defendi com muita dedicação. Na minha família, fomos dois a jogar no Vasco: eu e o meu irmão, o Russo. Mas eu não fui sempre lateral-direito não. Eu comecei jogando de meio de campo. Só depois é que me fixei na lateral”, garantiu Boroco.
Títulos na carreira foram apenas dois. Ambos do Torneio da Imprensa, que era uma competição disputada pelos quatro clubes pequenos nos tempos do amadorismo. Os quatro clubes grandes jogavam uma competição denominada Torneio do Povo. Numa das decisões, contra o Amapá, teve uma confusão generalizada. Quase todo mundo em campo bateu e apanhou.
Melhores do futebol acreano
Boroco não se intimida quando alguém lhe pede para escalar uma seleção dos melhores jogadores do futebol acreano da sua época. Na opinião dele, esse time formaria com: Klowsbey; Paulo Roberto, Iracélio, Paulão e Sérgio Lopes; Emílson, Carlinhos Bonamigo e Dadão; Paulinho, Gil e Roberto Ferraz. O melhor treinador, para ele, foi o cearense Vianinha.
Mas além dos onze titulares, Boroco citou outros nomes, se colocando também na lista. Uma espécie de elenco de reserva que teria as seguintes criaturas: Nego (goleiro), Boroco e Neves (laterais), Louzada (zagueiro), Neném (meio campo) e Guga (atacante). “Citei esses, mas tenho consciência que deixei de fora muita gente de altíssimo nível”, declarou o ex-craque.
No que diz respeito ao melhor árbitro que viu em atividade, ele cravou o nome de José Ribamar Pinheiro de Almeida. “Ele era honesto e conhecia profundamente as regras do futebol”, explicou. E quanto aos atacantes mais difíceis de marcar, Boroco garantiu que os caras que lhes davam mais dores de cabeça eram o Paulinho Rosas, o Roberto Ferraz e o Manoelzinho.
Por último, Boroco não se omitiu de dar um conselho para os garotos das novas gerações que têm o desejo de se tornarem profissionais de futebol. “Primeiro, não descuidar dos estudos. Mesmo que os caminhos da carreira se abram, é preciso conciliar com a escola, para garantir uma profissão no futuro. E segundo, total dedicação, deixando de lado as muitas tentações”.