FRANCISCO DANDÃO
Do início da carreira, em 1997, aos 10 anos, na base do Rio Branco, até o último chute, em 2019, aos 33 anos, no time principal do mesmo Estrelão que o revelou, o volante Melquisedeque Rezende de Brito, o Kinho, defendeu 10 clubes: Juventus, Vasco da Gama, Portuguesa (PR), Aurora (Guatemala), Atlético Acreano, Andirá, Galvez, Adesg e Independência.
Nascido no município fluminense de Nova Iguaçu, em 4 de junho de 1986, Kinho (ele não sabe a origem do apelido) mudou-se com a família para o Acre em 1991. Cinco anos depois ele já estava vestindo a camisa do Sub-10 do Rio Branco, para onde foi
levado por um amigo chamado Cássio para participar de uma peneira. O técnico Illimani o aprovou na mesma hora.
Paralelamente, enquanto aprendia os segredos da posição, na base do Rio Branco, Kinho se divertia batendo peladas num campinho de pouca grama, no bairro da Capoeira. “Muita gente boa fez parte das minhas peladas de infância e adolescência. Casos, entre outros, do Paulinho Pitbull, do Edilsinho, do Marcinho, do Andrey, do Ximbica…”, garantiu o ex-volante.
Ainda nas divisões de base, Kinho chegou a vestir três outras camisas: a do Juventus, a do Vasco da Gama e da Portuguesa, clube paranaense. Mas foi no Vasco que ele jogou pela primeira vez entre os profissionais. “Eu fui para o Vasco aos 16 anos, em 2002. No ano seguinte, fui convocado pelo professor Francisco Felisberto para jogar no time de cima”, explicou Kinho.
Estreia inesquecível contra o Atlético
A estreia como profissional se configurou inesquecível para o ex-volante. Aos 17 anos, parecia uma fogueira danada entrar logo numa partida contra o Atlético, clube grande do futebol acreano. Mas o nervosismo natural de uma estreia para um garoto ainda com idade para jogar na base acabou tão logo a bola começou a rolar. E ele jogou como um verdadeiro veterano.
“Eu me lembro como se fosse hoje. Posso dizer mesmo que aquela estreia foi inesquecível. Nós ganhamos do Atlético por 2 a 1, de virada, e eu tive a boa sorte de iniciar as jogados dos nossos dois gols. Joguei muito bem, me mantive no time e isso me credenciou a voltar para o Rio Branco no mesmo ano, onde acabei ficando até a temporada de 2008”, disse Kinho.
Kinho conquistou inúmeros títulos e vice-campeonatos. Na 1ª divisão, ele fez parte do grupo do Rio Branco de 2004 a 2008. Pelo mesmo Rio Branco, ele foi campeão em 2015. Já pelo Atlético e pelo Galvez, ele foi vice-campeão em 2012 e 2018. Na 2ª divisão, ele foi campeão quatro vezes: Andirá (2011), Galvez (2012), Vasco (2013) e Independência (2017).
Depois de tanto tempo dentro do campo, Kinho resolveu parar. As dificuldades financeiras em 2019, quando ficou três meses sem receber salários no Rio Branco, o fizeram entender que estava na hora de fazer outra coisa. Além disso, providencialmente, ele recebeu uma boa proposta para dirigir os times de base do Galvez. Aí as chuteiras foram mesmo penduradas.
Momentos marcantes e jogadores acima da média
Embora Kinho tenha sido campeão tantas vezes, ele elegeu como os momentos mais importantes da sua carreira os dois jogos pelo Rio Branco, contra o Vasco-RJ na Copa do Brasil de 2015. Ele marcou dois gols. Um, na Arena da Floresta, na vitória do Vasco por 2 a 1. Outro, no segundo jogo, em São Januário: nova derrota do Rio Branco (2 a 3), e mais um gol dele.
Quanto aos caras acima da média que jogaram no Acre, Kinho escalou o seu time ideal com: Sampaio (Rio Branco); Ley (Rio Branco), Dudu (Rio Branco), Marquinhos Costa (Rio Branco) e Ivan (Rio Branco); Mundoca (Independência), Tiquinho (Rio Branco) e Testinha (Rio Branco); Tangará (Rio Branco), Juliano César (Rio Branco) e Marcelo Brás (Independência).
O ex-volante também tratou de eleger os melhores dirigentes, treinadores e árbitros com os quais trabalhou. Seus destaques nesses quesitos foram: Tenente-coronel Edener e Edson Izidório (presidentes), Diogo Elias e Alex Cavalcante (diretores), Marcos Café, Antônio Neuricláudio, Josimar Almeida e Carlos Ronne (árbitros). “Todos grandes profissionais”, afirmou.
Por último, Kinho fez questão de dar a sua opinião sobre o que um garoto deve fazer para se tornar profissional de futebol. “Treinar muito, sempre buscando melhorar os diversos aspectos do futebol. Isso dentro do campo. Fora dele, é preciso ter muito respeito, profissionalismo, foco, ética e muita determinação quanto aos objetivos a serem alcançados”, disse.