Francisco Dandão
Rei da “pancadinha” desde muito cedo (ele costumava controlar a bola sem deixá-la cair por longos minutos), o então adolescente Antônio José Carvalho da Silva Nascimento, o Tonho, começou a sua carreira no futebol acreano defendendo o time infantil do Atlético. Isso no início da década de 1970, tendo como técnico o lendário massagista e roupeiro Seu Jaú.
Por volta dos 16 anos, em 1975 (ele nasceu no dia 13 de junho de 1959), ele foi morar com seus familiares em Plácido de Castro. E aí, já mais encorpado, alternando exibições no meio de campo e na lateral direita, Tonho logo ingressou no Fronteira, o time mais forte e tradicional da cidade interiorana, levado pelo irmão Juca, que era o goleiro titular da equipe.
Ocorre que os times de Rio Branco de vez em quando faziam amistosos na cidade. Um dia, depois de um jogo contra o Independência, o irmão Juca, vendo que Tonho tinha ido muito bem, chegou para o zagueiro Deca, do Tricolor de Aço, e perguntou se dava para encaixá-lo na equipe da capital. Deca disse que sim, desde que lhe fosse paga uma certa quantia.
Os irmãos Juca e Tonho não toparam a proposta do Deca. Eles tinham consciência que a bola do Tonho falava por si só. E que, por isso, não precisavam pagar nada a ninguém pela chance de vestir a camisa de um time de capital. E fizeram certo. Uns anos depois, em 1979, Tonho se mudou para Rio Branco para jogar no Amapá, time pequeno mas cheio de gente boa.
Seleção de juniores e primeiro clube grande
“Tinha muita gente boa de bola naquela seleção acreana de juniores. A começar pelo goleiro Normando, que àquela altura já começava a ser titular do Juventus. E fora ele, tinha o Gilmar, o Neivo, o Adriano, o Roberto Ferraz, o Pingoncinha, o Maurílio, o Jaime, o Marquito, o Leco… Nós chegamos a ficar entre as dez melhores seleções do Brasil”, disse Tonho.
“E para o Rio Branco quem me levou foi o doutor Antônio Aquino Lopes, que hoje é presidente da Federação de Futebol do Acre. Na época ele era um dos dirigentes do Amapá, onde eu jogava, e entendeu que eu merecia uma oportunidade num time grande. Até hoje tenho um sentimento de profunda gratidão a ele por ter acreditado no meu futebol”, afirmou Tonho.
“O interessante”, continuou o ex-lateral, “é que o Rio Branco tinha um monte de bons jogadores vindos do Paraná quando eu cheguei lá. Eu pensei que dificilmente teria chance de entrar no time. Até que um dia o lateral Sergio Lopes foi expulso e a vaga caiu no meu colo. O técnico Ticão ainda relutou em me escalar. Mas aí eu entrei e não saí mais”, contou Tonho.
Outras camisas e os grandes dirigentes
Tonho ficou no Rio Branco até 1985. No ano seguinte ele se mudou para o Independência, onde ficou até 1988, fazendo parte do grupo que conquistou o último campeonato de futebol do Acre na era do amadorismo. Depois disso, ele foi para o Juventus, mas por pouquíssimo tempo. Um choque durante um treino rebentou o seu joelho e ele pendurou as chuteiras.
Para a sua seleção dos melhores do futebol acreano, ele lembrou os nomes dos goleiros Ilzomar e Klowsbey; dos laterais Sérgio Lopes, Duda e Tonho; dos zagueiros Neórico e Chicão; dos meio-campistas Mariceudo e Carlinhos Bonamigo; e dos atacantes Gil, Roberto Ferraz e Paulinho. Melhores técnicos, na opinião dele: Aníbal Tinoco e o paranaense Ticão.
Atualmente, prestes a completar 61 anos, Tonho ganha a vida como pequeno empresário. E fora isso, costuma frequentar uma igreja evangélica. “Nunca estive mais próximo de Deus quanto estou hoje. Já passei por muitas dificuldades e cometi muitos erros. Mas agora tenho minha fé e uma família abençoada por Deus. Posso dizer que isso é tudo o que eu preciso”, concluiu.