É engraçado como os conceitos e os simbolismos mudam com o passar do tempo, dependendo do que está acontecendo, das idas e vindas dos mais diversos personagens, dos humores, das tempestades, das calmarias, dos costumes e, eventualmente, do lado para onde o vento manda o seu sopro.
Essa coisa de mascarado, por exemplo… Teve um tempo que mascarado era bandido, assaltante, sujeito que queria fazer suas estripulias sem mostrar a cara. Eventualmente até, quando a situação saía do controle, matando as vítimas das suas respectivas apropriações pra lá de indébitas.
Os fãs de filmes de faroeste ainda hoje podem ver esses mascarados investindo contra os bancos e as diligências que proliferavam na parte oeste dos Estados Unidos. Bandido que se prezava tinha que assaltar o banco e a diligência com o rosto coberto pelo lenço que costumava usar no pescoço.
Mas não só os bandidos se escondiam por trás de máscaras. Muitos heróis também usaram desse expediente. Figuras proeminentes das sociedades onde viviam não podiam aparecer como combatentes do criminosos. E, dessa forma, tratavam de esconder a própria identidade.
Vou lembrando de alguns desses heróis enquanto escrevo. Zorro, Batman, Robin, Homem Aranha, Fantasma, Homem de Ferro, Demolidor… Com essa galera aí a malandragem não tinha vida fácil não. E na eterna luta do bem contra o mal (seja lá o que isso signifique), o primeiro sempre vencia.
Já no mundo do esporte, seja no futebol ou em qualquer outra atividade dessa natureza, chama-se de “mascarado” aquele jogador boçal, que anda pisando na ponta dos pés, sem jamais plantar o calcanhar no chão, olhando sempre para o horizonte, se achando o último dos biscoitos do pacote…
Os “mascarados” do futebol, por sua vez, quase nunca dão atenção para os torcedores, só costumam interagir com um pequeno grupo de parceiros, driblam até ser desarmados pelo adversários, reclamam dos companheiros e não costumam jogar nem um décimo do que pensam.
Eu poderia encher linhas e mais linhas com os nomes desses “feras” do futebol nacional e regional… Eles são muitos e andam lépidos por aí, alguns calçando mais chinelos do que chuteiras. Não creio, porém, que vá adiantar nominá-los porque, evidentemente, todos vão negar de pés juntos.
Noves fora tudo isso que eu disse até aqui nesse papo-aranha de hoje, o fato é que todos nós, bandidos ou não, heróis ou não, jogadores ou não, viramos mascarados nesse tempo nefasto de pandemia. “Vade retro, cão-tinhoso!” “Pé de pato mangalô três veis!” Nem de máscara eu gosto! Rsrs.