Cleudo posa com os troféus de bicampeão (2017/2018) e artilheiro do certame master pelos Amigos do Uchoa. Foto/Acervo Pessoal de Cleudo Chefe.

Cleudo Chefe – Atacante garante que marcou mais de 350 gols em 25 anos de carreira

MANOEL FAÇANHA

Revelado no Real Madrid, equipe das categorias de base da periferia de Rio Branco, Cleudo José Lima de Souza, simplesmente o Cleudo Chefe, 45 anos (ele nasceu dia 5 de junho de 1975) jamais imaginaria que um dia ele poderia se tornar o maior goleador do futebol amador do estado. Fã do futebol do saudoso atacante juventino Antonio Júlio e também do meia Carioca, Cleudo, em 25 anos de carreira em competições amadoras, chegou à marca de mais de 350 gols, grande parte deles anotados nos campeonatos organizados pela Liga Amadora de Rio Branco (Campeonato de Férias, Copa Rio-branquense e Liga dos Campeões).

Cleudo garante que no início da carreira, ocorrida em meados dos anos de 1980, tinha como grande incentivador o desportista Cascauva, morador do bairro da Estação Experimental. “O Cascauva, além de dirigente, era um bom treinador e tinha olho clínico para o futebol, aplicando bem os fundamentos ofensivos e defensivos e isso me serviu de orientação para a minha carreira futebolística”, lembra Cleudo.

A boa média de gols marcados no início da carreira em competições da base, inclusive com as camisas de Rio Branco e Juventus, chamou logo atenção e não demorou em surgir um convite do desportista Zé Padeiro para, então com 16 anos, jogar pelo Cruzeiro do Tangará, clube amador da capital que disputaria o Campeonato de Férias.

Cruzeiro do Tangará – 2005. Em pé, da esquerda para a direita: Zé, Robi, Marcos Pezão, Fabiano, Kanu, Zé Carlos, Careca, Adriano Picão, Marivaldo e Jô. Agachados: Airton (mascote), Jocy, Márcio das Tintas, Cleudo, Alex Cacique e Genival. Foto/Acervo Manoel Façanha.

 

Artilheiro marca mais 350 gols e conquista 17 títulos

SNFC – 2000. Em pé da esquerda para a direita: Júlio Cesar, Carlos, Enzo, Assem, Josué Caqui, Lapa, José Caqui, Hudson, Pinóquio, Milton e Bodó. Agachados: Marquinhos Calafate, Paulo César, Cleudo, Sérgio, Getúlio, Tatá e Acrevenos. Mauro (camisa branca), ?, Juarez Cavalcante (sem camisa). Foto: Acervo Pessoal de Paulo César.

 

Na sua estatística de gols, Cleudo garante que furou as redes dos adversários por mais de 350 vezes em 25 anos (1991 a 2016) usando camisas de seis clubes: Cruzeiro do Tangará (1991 a 1992 e 2005), União da Isaura Parente (1993 a 1998), SNFC (1999 a 2003 e 2009 a 2011, Cruzeiro do Aviário (2004 a 2008), União do Calafate (2012 a 2014) e Grêmio Calafate (2015 a 2016). O atacante comentou ainda que o maior número de gols marcados durante a carreira foi assinalado defendendo os times do SNFC e do Cruzeiro do Aviário. “Eram duas equipes sempre competitivas e organizadas, assim ficava mais fácil chegar à cara do gol”, brinca Cleudo, elegendo ainda o desportista Juarez Cavalcante (SNFC) como o grande cartola com quem trabalhou.

 SNFC – 2003. Em pé, da esquerda para a direita: Juarez Cavalcante (presidente), Edivaldo, Nil, Carlos, Dena, Pinóquio, Lucivaldo. Agachados: Japão, Elias, Regisclay, César, Cleudo e Joãozinho. Foto/Acervo Pessoal de Cleudo Chefe.

 

Jogador imprescindível no comando do ataque do SNFC, ele fez, certa vez, o presidente do clube, Juarez Cavalcante, comprar uma passagem de ônibus para o seu retorno de uma viagem à cidade de Goiânia-GO à Rio Branco-AC, visando a disputa da final do returno do Campeonato de Férias/2004. No entanto, o atacante, de última hora, preferiu driblar o dirigente e ficar nos braços da sua amada e hoje esposa Wiliana Castro, ao invés de encarar a fúria dos zagueiros adversários. O término da história, porém, foi feliz para ambos os lados. O SNFC se virou e, sem a presença do seu maior goleador, levou de barbada mais um título, e o atacante conquistou de vez o coração da sua amada.

Cruzeiro do Aviário – 2008. Em pé, da esquerda para a direita: Barriga, Dorielson, Caqui, Edilio, Geovane, Rivelino, Vilson, Luna, Chico (auxiliar-técnico), Benjonson (técnico). Agachados: Hélio, Leandro, Genival, Alair, Carlinhos, Cleudo, Mundoca, Nego, Atilon, Dilson e Tierry (mascote). Foto/Acervo Manoel Façanha.

União do Calafate – 2014: Leandro, Toinho, Naison, Acosta, Boniek, Erismeu e Faísca. Agachados: Cabecinha, Chulapa, Virney, Duarte, Pequeno, Tonho, Esquerda, Higor e Cleudo. Foto/Acervo Pessoal de Cleudo Chefe.
Fac-símile do Jornal A Gazeta de 2008

Com 17 títulos conquistados e 18 artilharias na carreira, Cleudo elegeu o ano de 2008 como perfeito na sua carreira futebolística. Se não bastasse a conquista da tríplice coroa (Campeonato de Férias, Copa dos Campeões e Taça Rio-branquense) com a camisa do Cruzeiro do Aviário, ele ainda terminou as três competições na artilharia, uma façanha jamais registrada no futebol amador. Dois anos antes, a própria Associação dos Cronistas Esportivos do Acre (Acea) reconheceu a carreira vitoriosa do atacante, o elegendo como melhor jogador do futebol amador durante a festa do II Prêmio Destaque Esportivo Campos Pereira.

 

 

Artilheiro refuta o profissionalismo e elege sua seleção

Em 2008, a crônica esportiva fez homenagem ao atacante durante o II Prêmio Destaque Esportivo Campos Pereira. Foto/Acervo Cleudo Chefe

 

O sucesso no futebol amador rendeu ao atacante Cleudo três convites de clubes profissionais. O primeiro deles ocorreu no final da década de 1990, quando o técnico Gualter Craveiro chegou a levá-lo para o Juventus. Os outros dois convites vieram um pouco depois e ambos feitos pelo desportista e técnico Raimundo Ferreira, esse levando o artilheiro para o Atlético Acreano e também para o Vasco da Gama. No entanto, o atacante garante que, apesar de participar do início de pré-temporada nas três agremiações, não teria ficado pelo fato de que as propostas oferecidas pelos dirigentes dos clubes profissionais sempre eram cobertas pelos clubes amadores.

Na loja do Bazar Chefe,  Cleudo aparece com o pai (Chefe) e o primo César. Foto/Acervo Pessoal de Cleudo Chefe

 

Comerciário experiente, Cleudo há bastante tempo ajuda o pai no “Bazar Chefe”, comércio popular de grande variedade de produtos no centro de Rio Branco. O ex-atacante garante que, mesmo com o tempo reduzido, ainda encontra um tempinho para rever os velhos amigos e bater aquela bolinha em competições da categoria master.

O artilheiro Cleudo com os amigos Acrevenos e César na equipe master do Rio Branco. Foto/Acervo Pessoal de Acrevenos Espíndola.

 

Por fim, o artilheiro respirou fundo e elegeu sua seleção de competições organizadas pela Liga Rio-branquense de Futebol. Confira: Almiro; César, Iá, Denilson e Getúlio; Maurício, Valney, Baíche e Acrevenos; Cleudo e Gleison. O artilheiro aproveitou o embalo para eleger os melhores árbitros: Francisco Sobrinho, Marcus Café e Antônio Neuriclaudio. E também um leque de bons jogadores do futebol profissional, com os quais teve o prazer de jogar no futebol amador. A lista é composta pelos seguintes nomes: Palmiro, Marquinhos Calafate, Siqueira, Ciro, Léo, Mundoca, Cairara, Marcelão, Josué, Paquito, Gelson, Adriano Louzada, Higor e Pitiú.

         Fac-símile do Jornal Opinião de 16 de junho de 2020.