Pulga na orelha

A pandemia que ora assola o planeta absolutamente não está controlada. Alguns lugares apresentam menos casos de contaminação e óbitos, enquanto outros demonstram que o vírus continua a sua escalada nefasta. Segurança mesmo a gente só vai ter quando for criada uma vacina.

Os países que levaram a sério o perigo desde o início agora colhem os benefícios dos cuidados que foram empreendidos e ensaiam voltar às suas atividades. Outros, principalmente aqueles para os quais a pandemia não passava de uma gripezinha, todos os dias veem subir a estatística letal.

Independentemente, porém, da falsa gripezinha e da real letalidade do vírus, de quem foi mais ou menos afetado, da criação de uma vacina, do uso das máscaras e do álcool gel nas mãos, o certo é que as disputas esportivas já estão começando. Umas na frente, outras atrás, mas já, sim, começando.

Neste domingo que recém passou, por exemplo, depois de muito tempo vendo reprises, finalmente eu assisti em tempo real o Fluzão de todos os tricolores em campo pelo campeonato carioca de futebol. Vi o Fluzão e a grande contratação do time na pandemia. Ninguém menos do que o Fred.

Nos tempos recentes o grande ídolo do Fluminense é justamente o Fred. Centroavante do tipo que não tem medo de cara feia, goleador com requintes de crueldade, ótimo cabeceador, técnico quando pode ser, eu me sentei no meu sofá esperando que o Fred destruísse a defesa do Botafogo.

A minha expectativa tinha muita razão de ser. Afinal, além de todos os atributos que eu citei no parágrafo anterior, Dom Fredón se mudou de time (ele era do Cruzeiro, lembram?) e de cidade (Belo Horizonte, no caso) em grande estilo, pedalando e angariando cestas básicas para os pobres.

Só de falar em pedalar de Belo Horizonte até o Rio de Janeiro já me deixa cansado. Ainda mais que não se tem notícia que Fred tenha tomado alguma tubaína no percurso. Foi só na força mesmo, com muito gel e um estoque de máscaras. O Fred cumpriu a tarefa com fôlego e muito mérito!

Mas retomando o fio da meada, o que eu estava a dizer é que me enchi de expectativa para a volta do Fluzão aos campos. O que eu vi, entretanto, na tarde de domingo, me deixou meio preocupado, com aquele famosa pulga atrás da orelha. Pra mim, o time não apresentou nada de animador. Nada!

No campeonato carioca até que ainda dá para ficar nas posições mais altas da tabela de classificação. À exceção do Flamengo, os times do Rio de Janeiro não jogam quase nada. A questão é que o campeonato brasileiro está às portas (daqui a um mês, segundo a CBF). E aí a coisa pode ficar feia!