Nascido em Tarauacá, no dia 9 de janeiro de 1970, Jordney de Souza Cordeiro mudou com a família para Rio Branco aos 3 anos de idade. Com o passar do tempo, ele impressionava quem o assistia nas peladas de bairro pela habilidade com a perna direita. Tanto impressionava que era sempre o primeiro a ser escolhido na hora do par ou ímpar para a formação dos times.
A abreviação do nome acompanhou os primeiros chutes e ele logo passou a ser chamado de Ney pelos companheiros de bola. E assim, quando vestiu as primeiras camisas de times organizados (o Piauí no futebol de salão e o Rio Branco no futebol de campo), na segunda metade da década de 1980, quase ninguém mais o chamava por Jordney, o nome do registro civil.
“Eu comecei praticamente ao mesmo tempo, no futebol de salão e no futebol de campo. No salão/futsal eu jogava de fixo e entrei a convite do Sapatão. No campo, onde eu era meia e já fui direto para os juniores, entrei depois de ser levado pelo Ferleudo, para completar o time num treino. O técnico Illimani me viu e me convidou para ficar. Isso em 1988”, disse Ney.
Os acordos firmados entre Ney e os dirigentes incluíam a possibilidade dele jogar tanto nas quadras quanto nos gramados. Nas quadras, ele começou no Piauí, em 1988, e parou na AABB, em 2009, passando ainda por Bem-te-vi, Volta Redonda e Colégio Meta. Já as chuteiras, essas ele pendurou em 1995, depois de jogar por Rio Branco, Adesg, Atlético Acreano e Juventus.
Despedidas em alto estilo e jogos inesquecíveis
Ney estava com 25 anos quando resolveu abandonar os gramados. “Eu precisava trabalhar e fiquei sem espaço para treinar”, explicou Ney. Mas não foi uma despedida qualquer, uma vez que o Juventus conquistou o título estadual, o terceiro na era do futebol profissional. “O nosso time era muito bom e nós ganhamos o título em cima do Rio Branco”, afirmou Ney.
Como os treinos do futsal exigiam menos tempo, Ney só foi guardar o tênis muitos anos depois. Ele estava com 39 anos. E só tomou essa decisão porque entendeu que estava na hora de se dedicar aos estudos. Mas, igualmente ao futebol de campo, foi uma despedida em alto estilo, bem distante do Acre, numa Taça Brasil de Clubes, disputada em Cascavel-PR.
No quesito jogos inesquecíveis, Ney também citou um em cada modalidade. No futebol de campo, ele garantiu que o jogo que não lhe sai da lembrança foi jogando pelo Atlético Acreano contra o Atlético Mineiro, pela Copa do Brasil de 1992, em Belo Horizonte. Os acreanos foram derrotados, mas ele foi escolhido como o melhor da partida. “Isso não tem preço”, disse.
Já no futsal, Ney relatou que a partida inesquecível aconteceu em Porto Velho, jogando pela AABB, contra uma seleção de Rondônia, na decisão de um torneio chamado Copa da Amazônia, em 1998. “Nós ganhamos por 4 a 3 e eu marquei todos os gols do nosso time. Posso dizer que a emoção foi redobrada, um tanto pelo título e outro pelos gols”, afirmou.
Destaques, melhor parceiro e adversários difíceis
Não foi fácil arrancar do Ney uma seleção de melhores jogadores do futebol acreano. Ele disse que isso era algo difícil. Mas acabou escalando o seguinte time: Klowsbey; Marquinho Amarelo, Paulão e Chicão; Sérgio Cabeção, Gilmar, Siqueira e Testinha; Paulinho, Dim e Ley. Depois fez uma ressalva para incluir o rei Artur na lista. Só não disse no lugar de quem.
Sobre os jogadores mais difíceis de marcar, no campo, ele respondeu de imediato: “Dim e Ley. Dois irmãos de movimentação intensa”, explicou. Quanto ao parceiro com quem melhor se entendia, Ney citou o também meia Jamerson. Este, inclusive, também entrou na sua seleção de futsal, cujos outros quatro nomes seriam: Dinda, Léo, Casquinha e Carlinho Bigu.
E para completar a sua relação de destaques do esporte acreano, Ney fez questão de lembrar os nomes dos técnicos Illimani Suares, Coca-Cola e Nino. O primeiro porque foi quem o descobriu para o futebol de campo. Coca-Cola, por lançá-lo no time principal. E Nino por ser muito estudioso. Do futsal ele citou os técnicos David Abugoche e Edson Paiva.
Atualmente, proprietário de uma papelaria (Colegial), Ney lembra com muito carinho as suas conquistas esportivas, ressaltando que ganhou um “troco legal” como atleta, uma vez que por atuar na quadra e no campo acabava tendo uma renda dupla. E quanto ao futuro, ele disse que só quer ter mais tempo para cuidar da família e jogar o seu futevôlei nos fins de semana.