O treinador de goleiros Dorielson Mendes vai permanecer no Galo Carijó. Foto/Manoel Façanha.

Dorielson Mendes – O goleiro que trocou as luvas pela arte de ensinar

MANOEL FAÇANHA

Fã incondicional do goleiro italiano Dino Zoff, campeão mundial na Copa da Espanha de 1982, o menino Dorielson Mendes, então com 13 anos (1985) – ele nasceu dia 4 de abril de 1972, na cidade de Guajará-Mirim (RO), já batia animadas peladas num espaço anexo ao campo do São Francisco. Ele recorda que as peladas praticadas com uma bola de “dente de leite” eram bastante concorridas e nem o saudoso presidente do clube católico, Vicente Barata, resistia à tamanha tentação e caía em campo para mostrar suas habilidades entre a garotada.

Um ano depois, Dorielson Mendes ganhou a sua primeira chance num clube de futebol. A convite do treinador de goleiros Antônio Casas ele veio a participar de uma peneira e acabou aprovado para fazer parte da equipe infantil do Vasco da Gama. No clube vascaíno, Dorielson passou logo depois para o time juvenil e, posteriormente, para o profissional.

Infantil do Vasco da Gama – 1986. Em pé, da esquerda para a direita: Dorielson Mendes, Rivelino, Hering, Glen, Nem e Alex. Agachados: Falcão, Mundoca, Jairo Carioca, Evaldo, Gean e Robson. Foto/Acervo: Dorielson Mendes

 

Entre as experiências de vida de atleta, Dorielson Mendes não se esquece de uma partida ocorrida na temporada de 1989, quando então goleiro de juvenis do Vasco da Gama, num duelo ocorrido no estádio José Melo, contra o Atlético Acreano, levou um gol bizarro. “Lembro como se fosse hoje. Escanteio para o adversário. A bola viajou com efeito e fui lá em cima e a peguei já quase em cima da linha. Mas, na reposição, ao invés de um passo para frente dei um passo pra trás. Não teve jeito, o árbitro apontou para o centro do gramado”.

O goleiro Dorielson Mendes durante sua passagem pela base do Rio Branco no final dos anos de 1980. Foto/Acervo Pessoal de Dorielson Mendes

 

Os clubes, jejum de títulos e a nova função

O goleiro vascaíno Dorielson mostrar o buraco na rede, causado pelo lance que o Juventus queria o gol no certame de Juniores/1991. Foto/Acervo Manoel Façanha.

 

Na carreira profissional de atleta, Dorielson Mendes, após passagem pelo Vasco da Gama, ainda vestiu as camisas da Adesg e do Independência, mas jamais chegou a conquistar um título de campeão. O melhor retrospecto foram dois vice-campeonatos. O primeiro na temporada de 1993 com as cores do time de Senador Guiomard (Adesg) e o segundo defendendo a meta do Tricolor de Aço, em 1997. Erguer uma taça de campeão na vida de atleta de Dorielson ocorreu somente no futebol amador, onde conquistou diversos títulos na meta do Cruzeiro do Aviário. 

Independência FC 1999. Em pé, da esquerda para a direita: Paulo Roberto (repórter), Messias (preparador físico), Tidalzinho, Dorielson Mendes, Milson César, Dorielson, Pereira, Nego, José Ribamar (técnico) e Cleiber (auxiliar técnico). Agachados: Redson, Claudinho, Artemar, Mariano, Getúlio e Dênis. Foto/Acervo Manoel Façanha.
Cruzeiro do Aviário – 2008. Em pé, da esquerda para a direita: Barriga, Dorielson, Caqui, Edilio, Geovane, Rivelino, Vilson, Luna, Chico (auxiliar-técnico), Benjonson (técnico). Agachados: Hélio, Leandro, Genival, Alair, Carlinhos, Cleudo, Mundoca, Nego, Atilon, Dilson e Tierry (mascote). Foto/Acervo Manoel Façanha.

 

Na sua passagem pelo Independência, Dorielson Mendes passou a se interessar cada vez mais pelas orientações do ex-jogador e técnico Aníbal Honorato, então preparador de goleiros do time tricolor. “Vi ali uma oportunidade de aprendizado e a continuidade da minha permanência no futebol. O professor Aníbal Honorato me ensinou e incentivou bastante no início desta minha nova função”, comentou Dorielson Mendes.

A primeira experiência na nova função ocorreu na temporada 1999, quando trabalhou no Independência. De lá para cá, Dorielson Mendes, após passagem pelo Andirá, colecionou sete títulos estaduais na primeira divisão, cinco deles pelo Rio Branco (2007, 2008, 2010, 2011, 2012), e outros dois pelas equipes do Atlético Clube Juventus (2009) e Atlético Acreano (2019). O profissional ainda tem outros três títulos na carreira, dois deles pelo estadual da segunda divisão com as camisas do Galvez e do Amax. O último ocorreu no finalzinho do ano passado, quando ajudou o time feminino do Atlético Acreano a conquistar o estadual. Dorielson Mendes ainda tem serviços prestados às equipes de futsal da Igreja Batista do Bosque, Bem-Te-Vi, Pé de Ouro e Amazônia.

Rio Branco – campeão do Torneio Início de 2006. Em pé, da esquerda para a direita: Dorielson Mendes (preparador de goleiros), Amaral, Vítor, Oliveira, Rodrigo e Acosta. Agachados: Ricardinho, João Paulo, Ley, Juliano César, Doca Madureira e Dema. Foto/Acervo Manoel Façanha.
AC Juventus – campeão estadual de 2009. Em pé, da esquerda para a direita: Som (técnico), Rickson (auxiliar-técnico), Dorielson Mendes (prep. goleiro), Arnaldo (prep. físico), Jeferson Castanheira, Obina, Ferreira, Muniz, Jeferson, William, Douglas, Márcio Bestene (médico) e Tita (massagista); Agachados: Rogério, Airson, Marcelo Cabeção, Hulan, Patrícia (fisioterapeuta), Araújo, João Paulo, Luís Rômulo, Antonio Marcos, Baiano, Thiago Carioca e Zidane. Foto/Manoel Façanha
Rio Branco – campeão estadual 2010. Em pé, da esquerda para a direita: Célio (roupeiro), Douglas, Marquinhos Costa, Rafael, Ismael, Rizo, Esquerdinha, Acosta, Juliano César, Neném, Lucas Cintra (fisioterapeuta), Dorielson Mendes (preparador de goleiros) e Cássio (roupeiro). Agachados: Marco Antônio, Zé Ricarte, Evilásio, Testinha, Ananias, Ley, Zé Marco, Araújo Jordão, Ancelmo e Venícius (preparador físico). Foto/Manoel Façanha.
Imperador Galvez – 2014. Em pé, da esquerda para a direita: Douglas, Dorielson Mendes (preparador de goleiros), João Carlos, Francês, Careca e Pablo Simões (técnico). Agachados: Kinho, Dudu, Antônio Marcos, Hamilton, Januário, Tom e Ferrari. Foto/Manoel Façanha.
Atlético Acreano 2018. Em pé, da esquerda para a direita: Layf Barros (fisioterapeuta), Diego (auxiliar), Diego Barros, Kássio, Diego, João Marcus, Rafael, Dorielson Mendes (preparador de goleiros) e Álvaro Miguéis (técnico). Agachados: Leandro, Araújo Jordão, Ancelmo, Jeferson, Polaco, Matheus Damasceno e Alceivo (auxiliar). Foto/Manoel Façanha.

 

Ídolo local, treino com Weverton e seleção ideal

Considerado hoje entre os melhores profissionais da posição em nosso futebol, Dorielson Mendes agradece a Deus e várias pessoas que o ajudaram na nova função, mas ele explica que para alcançar resultados desejados se dedicou bastante aos livros e vídeos voltados a área de treinamento de goleiros, após dias exaustivos de trabalho (Centro de Controle de Zoonoses) e os campos de futebol.

O goleiro Weverton após de dia de treinos com o preparador de Dorielson Mendes. Foto/Acervo Pessoal Dorielson Mendes.

 

No futebol local, Dorielson Mendes explica que admirava muito as qualidades do saudoso goleiro Ilzomar Pontes. “Ele era fora de série e me espelhava muito nele no início da minha carreira de goleiro. Sem dúvida, a postura do Ilzomar embaixo do travessão era algo excepcional”, comenta Dorielson.

Sobre o trabalho compartilhado com os treinadores, Dorielson Mendes explica que a dinâmica adotada por cada uma deles varia, mas sempre existe o diálogo aberto a respeito da sua opinião sobre a escalação do goleiro titular.

O bom trabalho na preparação dos goleiros acreanos fez o goleiro Weverton, campeão olímpico e hoje no Palmeiras, procurar Dorielson, quando o mesmo passava férias com a família em Rio Branco. O objetivo do campeão olímpico era colocar em dia a parte física e técnica. “Foi uma honra e um privilégio poder ajudar o Weverton no início da sua pré-temporada para 2019. Ele é um profissional fora de série, humilde, focado e muito trabalhador”, garante o treinador.

Já a seleção ideal de Dorielson Mendes começa com Ilzomar Pontes. O restante do time é composto por Dilson, Lécio, Paulão e Alex; Dedé, Gil, Mundoca e Mariceudo; Ivo e Palmiro. Em relação à escolha do melhor técnico ele escalou um quinteto. “Já trabalhei com vários treinadores e todos têm uma filosofia de trabalho. No entanto, o meu preferido diz respeito ao técnico João Carlos Cavalo, seguido de Tiago Nunes, Ulisses Torres, Paulo Roberto e Álvaro Miguéis. O dirigente escolhido por Dorielson Mendes foi Natal Xavier e o trio de arbitragem foi composto pelo árbitro José Ribamar, enquanto os assistentes indicados por ele foram Raimundo Guimarães e Atevaldo Santana.

Dorielson Mendes finaliza a entrevista compartilhando o sonho da construção de um Centro de Treinamentos voltado à preparação de goleiros. “Já estamos trabalhando para isso, mas não será para agorinha”, comenta o profissional.

          Fac símile do Jornal Opinião de 15 de julho de 2015.