Francisco Dandão
Nascido em Rio Branco, no dia 17 de março de 1964, Álvaro Miguéis desde criança viveu em ambientes impregnados de futebol. O pai, Ariosto Miguéis, vivia à beira dos gramados exercendo a função de treinador. E vários campos de periferia, como o Marreta e o Mangueirão, se localizavam nas vizinhanças da sua casa, no segundo distrito da capital dos acreanos.
Como se não bastasse tudo isso, ele ainda teve a felicidade de conviver, nos anos de colégio (Instituto Imaculada Conceição – CNEC), com vários garotos que se tornariam jogadores de destaque quando adultos. Casos de Maurílio, Noca, Bolinha, Gerson e Joãozinho. “Aquela foi uma geração cheia de meninos muito bons de bola”, tratou de explicar Álvaro Miguéis.
Com todo esse ambiente de futebol, já aos 7 anos Álvaro vestiu a sua primeira camisa: a do Vasquinho do Paulo Maia. Depois, ao entrar na adolescência, ele foi levado pelo lendário técnico Zé Américo para os juvenis do Andirá. Mas ficou pouco tempo no Morcego e migrou para o Rio Branco, vestindo a camisa do Estrelão (juniores e principal) entre 1980 e 1983.
“Eu estreei no time principal do Rio Branco em 1983. Fui lançado pelo técnico Antônio Leó. Nesse ano, o presidente Wilson Barbosa montou uma verdadeira seleção no Estrelão. Eu, ainda muito jovem, era reserva. Mas eu sempre entrava. Como tinha facilidade de jogar em várias posições, eu cheguei a substituir o Neivo, o Mariceudo, o Roberto e o Gil”, disse Álvaro.
Do campo para o banco: técnico de sucesso
Depois do Rio Branco, Álvaro ainda vestiu outras duas camisas de times do futebol acreano: Atlético (1985) e Amapá (1987). “Eu sempre encarei o futebol, nos meus tempos de jogador, como um lazer. Então, aos 23 anos, considerei que estava na hora de cuidar da vida. E aí fui ajudar o meu pai na administração das empresas da família”, contou o ex-jogador.
Mas a aposentadoria da bola estava longe de se confirmar. E assim, em 2004, Álvaro foi ser o auxiliar do técnico Illimani Suares, nas categorias de base do Juventus. Daí até 2012, ele trabalhou com as categorias menores do Rio Branco e do Atlético. E de 2013 até 2019, Álvaro dirigiu as equipes principais do Galvez, Nacional-AM, Rio Branco e Atlético Acreano.
“Eu parei de jogar futebol, mas sempre acompanhei o esporte em todo o mundo. Eu gostava de estudar futebol para entender a sua essência. Num período em que morei no Rio de Janeiro, eu não perdia um jogo no Maracanã. A maioria dos finais de semana eu passava assistindo campeonatos europeus. Então, penso que foi natural um dia eu virar treinador”, afirmou Álvaro.
Até esse momento, Álvaro viveu a sua maior glória como treinador no Atlético. Ele comandou o clube nos três títulos estaduais recém conquistados (2016, 2017 e 2019) e ainda conseguiu um acesso da Série D para a Série C (2017) do Campeonato Brasileiro. Neste ano de 2020, ele vai dirigir o Real Ariquemes, no campeonato rondoniense, a partir do mês de novembro.
Grandes nomes do futebol acreano
Álvaro não teve problemas para nomear os melhores nomes do futebol acreano, no que diz respeito a técnico, dirigentes e árbitro. Como treinador ele elegeu o pai, Ariosto, a quem sempre acompanhava nos treinos. Como dirigentes, ele escolheu Sebastião Alencar, Elias Mansour, Adauto Frota e Devaldo Borges. E Wagner Cardoso foi escolhido como o melhor árbitro.
Já no que diz respeito à escalação de uma seleção, ele preferiu citar os nomes de vários jogadores que ele considerou super craques: João Carneiro, Bico-Bico, Jangito, Chico Alab, Aldemir Lopes, Nostradamus, Deca, Júlio César, Palheta, Dadão, Carlinhos Bonamigo, Paulinho, Mariceudo, Emilson, Antônio Maria, Curica, Neórico, Manoelzinho, Neivo, Tonho, Mauro…
“O futebol acreano do passado estava anos-luz à frente de hoje. Quem viu jogar esses caras que eu citei, sabe do que eu estou falando. Para se ter uma ideia, nenhum jogador desse Atlético que subiu comigo da Série D para a Série C, e que venceram várias partidas contra times tradicionais do futebol brasileiro, seria titular do Independência dos anos 1970”, garantiu Álvaro.
Para concluir, Álvaro opinou sobre ações necessárias para o futebol acreano galgar melhores posições no cenário nacional. “Criar estrutura adequada para os treinos e descobrir pessoas com a qualificação necessária para lapidar os talentos que surgirem”, disse. E quanto ao seu futuro imediato ele afirmou que só pensa em realizar um grande trabalho no Real Ariquemes.