O ex-craque e agora técnico Josy Braz, em foto atual. Foto/Manoel Façanha

Josy Braz – Um tiro na perna obrigou o craque a encerrar a carreira

Francisco Dandão

Aos 28 anos, no segundo semestre de 2016 (ele nasceu no dia 29 de outubro de 1988), um assalto no alojamento do Atlético Acreano, quando levou um tiro na perna, obrigou o cracaço Josy Braz a encerrar prematuramente a carreira. Ele conseguiu recuperar-se do ferimento, mas ficou impossibilitado de seguir exibindo a sua classe nos campos de futebol.

Canhoto, habilidoso e versátil, desde as primeiras peladas nos campinhos periféricos na cidade rondoniense de Extrema ou no time da Escola Jaime Peixoto, Josy, embora tenha se notabilizado jogando de meio de campo, organizando o jogo, também chegou a se destacar como lateral e atacante pela extrema esquerda. Um coringa que deslumbrava as plateias!

Em 2003, antes de completar 15 anos, por intermédio do conterrâneo Ananias, que jogava no Gama-DF, Josy Braz teve a sua primeira experiência num clube de futebol. Presente a um treino das divisões de base do time do DF, ele foi convidado para mostrar a sua bola. Foi aprovado e jogou nos infantis. Depois fez testes no Atlético-PR, mas acabou voltando pra casa.

Já em um regime profissional, a primeira participação veio em 2006. A seleção da Extrema disputava uma competição de distritos e municípios de Rondônia. Um dia, num jogo decisivo, estavam presentes ao estádio o presidente e o técnico do Rio Branco, respectivamente Natal Xavier e João Carlos Cavallo. Josy foi contratado na mesma hora e se mudou para o Acre.

O meia Josy (D) arrisca o chute durante a decisão do Campeonato Acreano de Juniores 2006. Foto/Manoel Façanha
Com a camisa do Estrelão, o meia Josy (D) durante a decisão do Campeonato Acreano de Juniores 2006. Foto/Manoel Façanha

Direto para o time principal e outras camisas

“Eu cheguei direto para o time principal do Rio Branco. Eu tinha idade para jogar na base, mas o campeonato profissional era disputado antes do que o de juniores. Fui logo campeão do Torneio Início. Depois joguei o campeonato de juniores, junto com o Neném e o Esquerdinha. Fomos campeões e ganhamos a vaga para Copa São Paulo de 2007”, contou Josy.

“Mas devo ressaltar”, continuou o ex-craque, “que eu não fui titular logo de cara quando cheguei ao Estrelão. O titular, na minha posição, era o Testinha que, na minha opinião, é o melhor jogador do Acre em todos os tempos. Aí eu só jogava quando ele não podia jogar… Ou quando ele me deixava jogar [rs]… Às vezes o professor Cavallo escalava nós dois juntos”.

Depois do Rio Branco, Josy Braz vestiu outras 11 camisas: São Francisco – 2007; Plácido de Castro – 2008; Mazagão-AP – 2010; Atlético Acreano (quatro temporadas: 2011, 2012, 2014 e 2016), Vasco da Gama-AC – 2011; América-RN – 2012; Clube do Remo-PA – 2013; Galvez – 2013; Genus-RO – 2013; Fast-AM – 2014; e Princesa do Solimões-AM – 2015.

Na temporada 2007, o meia Josy foi emprestado para disputar o Campeonato Acreano com a camisa do São Francisco. Foto/Manoel Façanha.
Na temporada 2008, o meia Josy treina ao lado do lateral esquerdo Ananias. Foto/Manoel Façanha
O meia Josy, então maestro do Plácido de Castro, marca a saída de bola do jogador católico Ceildo. Foto/Manoel Façanha.
Vasco da Gama – 2011. Em pé, da esquerda para a direita: Diego, Ciro, Djailton, Ceildo, Josy e Carnaúba. Agachados: Jefferson Castanheira, Januário, Tragodara, Renato e Lelão. Foto/Francisco Dandão.
Em 2011, contra o Náuas, Josy , acompanhado de perto por Lelão, comemora um dos gols da vitória do Galo Carijó. Foto/Manoel Façanha.
Em 2012, com a camisa do Atlético-AC, o maestro Josy encara a marcação do zagueiro Rodrigão. Foto/Manoel Façanha.
Atlético Acreano – 2012. Em pé, da esquerda para a direita: Gomes, Tidalzinho Ceildo, João Carlos, Matheus Marques, Matheus Pato, Josy, Fábio, Diego, Robson e Álvaro Miguéis. Agachados: Kinho, Ailton, Felipe, Alan, Leandro, Geovani, Chumbo, Tragodara, Gessé e Pablo. Foto/Francisco Dandão.
Na Série C 2012, o meia atleticano Josy cobra escanteio na derrota em casa para o Clube do Remo por 3 a 2. Foto/Manoel Façanha
Na temporada 2012, o meia Josy Braz foi contratado pelo América-RN. Foto/Acervo Josy Braz.
Josy Braz com a camisa do Galvez numa partida contra o Plácido de Castro, em 2013. Foto/Manoel Façanha
Atlético Acreano – 2014. Em pé, da esquerda para a direita: Marcos Rocha (treinador de goleiros), Esquerdinha, Ceildo, Diego, Josy, Máximo e Wilson. Agachados: Juliano César, Neném, Araújo Goiano, Sandro e Eduardo. Foto/Francisco Dandão.
Em boa fase na temporada 2014, Josy agradece aos céus por mais um gol na temporada. Foto/Manoel Façanha.
Fast-AM – 2014. Josy é o segundo agachado, ao lado de Juliano César. Foto/Acervo Josy Braz.
Josy no Princesa do Solimões-AM, em 2015. Foto recolhida na internet.
O capitão celeste Josy Braz recebe do então senador Jorge Viana (PT) o troféu de campeão estadual de 2016. Foto/Sérgio Vale.

Um ano depois de ser baleado, Josy foi ser treinador dos times Sub-20 e feminino do Atlético. No primeiro, ele foi vice-campeão de 2017. E no segundo, ele ganhou o título. Em 2020, após treinar o time Sub-20 do Andirá, no ano de 2019, Josy assumiu o elenco profissional do Atlético. Mas ficou só alguns meses. Hoje ele disse que não sabe se ainda vai seguir na carreira.

Em tarde iluminada, o maestro Josy conduzi a vitória do Galo sobre o Imperador na temporada 2016. Foto/Manoel Façanha.
Fac-símile do Jornal Opinião de 2016

Jogo inesquecível e destaques

O jogo inesquecível do ex-craque Josy Braz não foi nenhum valendo título e nem mesmo em algum dos muitos elencos profissionais dos quais ele fez parte. De acordo com Josy, a partida que vai ser guardada para sempre na memória foi a da sua estreia no time infantil do Gama-DF, em 2003. “A gente precisava do resultado. Vencemos por 8 a 0 e eu fiz cinco gols”, disse.

No quesito melhores técnicos do futebol acreano, Josy citou João Carlos Cavallo, Álvaro Miguéis e Zé Marco. “Aprendi muito com eles”, garantiu. Quanto aos bons dirigentes, ele elegeu Natal Xavier, Elisson Azevedo e Edson Izidório. “Todos me deram oportunidades”, afirmou. Já os melhores árbitros para ele foram Ronne Casas, Neuricláudio e Carlos Santos.

Os craques Josy e Testinha disputam lance durante partida do Campeonato Acreano/2016. Foto/Manoel Façanha.

Ao ser instado a escalar uma seleção dos melhores jogadores do futebol acreano do seu tempo, Josy disse tratar-se de uma maldade esse pedido. Mas acabou cedendo à provocação e escalou: Acosta; Ley, Diego, Marquinhos Costa e Ananias; Zé Marco, Joel e Testinha; Eduardo, Rafagol e Polaco. Fez questão, porém, de dizer que “poderiam entrar nesse time ainda Juliano César, Marcelo Braz, Leandro Jucá, Rozier, Pé de Ferro e Máximo”.

Para concluir, o ex-craque Josy Braz falou que o futebol acreano tem jeito de se tornar mais forte e galgar, sim, melhores posições no cenário nacional. Para tal, aconselhou, “é imprescindível que se invista nas divisões de base e que só se busque fora do estado reforços pontuais”, garantindo que “foi isso o que fizeram o Rio Branco e o Atlético nos seus melhores anos.”

Andirá (Sub-20) – 2019. Em pé, da esquerda para a direita: Josy Braz (técnico), Marquinho, Arthur, Elielson, Igor, Alisson e Henrique. Agachados: John, Vinícius, Deilson, Jackson e Jardel. Foto/Leandro Rodrigues.
Atlético Acreano – 2020. Em pé, da esquerda para a direita: Dorielson (treinador de goleiros), Edivandro, Ailton, Douglas, Carlos Gabriel, Marcílio, Leandro (auxiliar técnico), João Alberto (fisioterapeuta), Alceivo (treinador de goleiros) e Josy Braz (técnico). Agachados: Rafael (fisioterapeuta), Ciel, Weverton, Matheus, Uilian, Beto e Leo. Foto/Leandro Rodrigues.
Fac-símile do Jornal Opinião de 24 de outubro de 2020.